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sábado, 10 de agosto de 2024
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Petróleo, alimentos e mais três setores puxam avanço da indústria em junho

Um quarto dos setores da indústria acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua pesquisa mensal sobre a produção industrial responderam por mais de dois terços do crescimento de 3,2% observado em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado

Junho
Foto Reprodução

Um quarto dos setores da indústria acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua pesquisa mensal sobre a produção industrial responderam por mais de dois terços do crescimento de 3,2% observado em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Na passagem de maio para junho deste ano, a produção cresceu 4,1% e registrou o melhor resultado para o período desde a alta de 9,1% observada em junho de 2020, em meio à pandemia causada pela Covid-19.

Naquela época, como se recorda, a produção industrial havia mergulhado em uma queda radical por conta da paralisação das atividades devido à pandemia, com um tombo de 25,9% quando considerado o período entre fevereiro e abril de 2020. A base achatada explica parte do salto observado em junho daquele ano, quando setores industriais foram autorizados a retomar suas atividades, ainda que parcialmente.

Segundo o instituto, o avanço registrado em junho permitiu ao setor recompor com folga a redução de 1,8% acumulada pela produção industrial entre abril e maio deste ano, resultado de recuos de 0,3% e de 1,5% naqueles dois meses – sempre considerando a série de dados dessazonalizados, com exclusão de fatores atípicos e de ocorrências que se repetem ao longo dos mesmos períodos, ano a ano, e que poderiam distorcer comparações. O setor de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis registrou alta de 4,0% em junho, ainda em relação a maio, passando a acumular crescimento de 6,2% na comparação com abril deste ano.

Contribuição por setor

Em relação a junho do ano passado, a produção de petróleo, seus derivados e biocombustíveis cresceu 4,3%, com participação de 20,6% na variação observada para a indústria como um todo. A indústria de produtos alimentícios, que apresentou crescimento de 2,7% em relação a maio e de 2,4% frente a junho de 2023, teve participação de 11,9% no avanço geral (na comparação interanual), mesma contribuição gerada pela indústria de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que anotou incremento de apenas 0,8% de maio para junho, mas saltou 17,5% frente a junho do ano passado.

Outros 20,6% vieram das altas de 1,7% e de 3,1% alcançadas, respectivamente, pelas indústrias de equipamentos de informática e produtos eletrônicos e de veículos, reboques e carrocerias, na saída de maio para junho, com altas, na mesma ordem, de 18,4% e de 5,9% na comparação com junho de 2023. Em conjunto, os cinco setores relacionados tiveram participação de 65,0% na taxa de crescimento de 3,2% anotada em junho pelo IBGE.

Balanço

Ainda conforme o IBGE, tomando junho de 2023 como base, a pesquisa apontou resultados positivos para as quatro grandes categorias econômicas, com bens de capital, produtos intermediários, bens de consumo duráveis e semiduráveis e não duráveis crescendo, respectivamente, 9,0%, 1,1%, 12,0% e 5,8%. Para relembrar, a produção de duráveis havia despencado 10,6% em maio, com baixa ainda de 2,2% para a fabricação de bens intermediários, ambos na comparação com maio do ano passado, o que sugere uma reação em junho aos níveis relativamente mais baixos da produção realizada anteriormente.

Setenta e dois por cento dos ramos da indústria (18 entre 25) registraram números positivos, com baixa para sete deles em relação a junho do ano passado, enquanto 55% dos 80 grupos pesquisados (ou 44 deles) igualmente transitaram por terreno positivo. Entre 789 produtos pesquisados, em torno de 52,0% tiveram ampliados os volumes processados. “Vale citar que junho de 2024 teve um dia útil a menos do que o mesmo mês do ano anterior”, observa o IBGE. Foram 21 dias úteis naquele mês em 2023 e 20 dias em junho deste ano.

Na leitura do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), muito do avanço registrado de maio para junho “deveu-se à retomada da produção no Sul do País, após o choque inicial das enchentes no Rio Grande do Sul, impulsionando a produção de fumo (+19,8%), químicos (+6,5%) e metalurgia (+5,0%), por exemplo”, ramos da indústria “que melhor se saíram na série com ajuste sazonal”.

Ainda na análise do Iedi, o aumento verificado na produção de derivados de petróleo, principalmente, poderia ser explicado pela retomada da produção em refinarias que a Petrobras havia definido paradas técnicas para manutenção em meses anteriores, “reduzindo as bases de comparação e ajudando na obtenção de variação positiva agora em junho de 2024. A produção de etanol também se destacou”, acrescenta o instituto.

No primeiro semestre, a produção da indústria como um todo avançou 2,6%. A indústria do petróleo e de biocombustíveis apresentou incremento de 3,3%. Nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de etanol experimentou avanço de quase 15,0% na comparação com a primeira metade do ano passado, saindo de 12,115 bilhões para 13,928 bilhões de litros, com salto de 26,92% para a produção de biodiesel (de 3,348 bilhões para 4,249 bilhões de litros). A produção de derivados de petróleo nas refinarias, a seu tempo, anotou variação de 4,55% ao passar de 42,099 bilhões para 44,017 bilhões de litros entre os primeiros seis meses de 2023 e o mesmo período deste ano.

Diferente do que ocorreu no setor industrial como um todo, observa adicionalmente o Iedi, “os macrossetores de bens de capital e de bens de consumo duráveis, cujos mercados são mais sensíveis aos níveis de taxas de juros, não chegaram a compensar suas perdas de maio de 2024. No primeiro caso, a produção cresceu 0,5% (em junho), mas havia caído 2,2% em maio, e no segundo caso, registrou-se elevação de 4,4% após queda de 5,6%”

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