Policarpo estuda novo partido, mas evita decisão precoce
Aliados do presidente asseguram que Policarpo tende a migrar para um partido de centro-esquerda
Desde o final do ano passado, paira no ar uma intensa discussão sobre a fusão entre o Patriota e o PTB. A união das siglas mudaria o eixo político em Goiás, fortalecendo o grupo atualmente comandado por Jorcelino Braga, presidente do Patriota. A união resultaria na criação do Mais Brasil.
Parte das figuras importantes das siglas devem permanecer no Mais Brasil. É o caso do deputado estadual eleito Veter Martins (Patriota), do vereador por Goiânia Cabo Senna (Patriota), assim como da também parlamentar da capital Gabriela Rodart (PTB).
Mas nem só os ganhos pautariam o lançamento da legenda. Certamente haverão perdas. Uma delas passa pela saída do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota).
Braga diz não ter conversado com Romário sobre o assunto, mas deixa claro que tem bom diálogo com o parlamentar e que gostaria que ele permanecesse. “Ele é muito assediado por ser presidente da Câmara”, revela sobre o interesse de outras siglas. “Mas nos damos bem. Sei que ele gosta do partido”, diz o presidente em referência ao Patriota antes de arrematar: “acredito que deva permanecer.”
O vereador não fala oficialmente sobre o assunto, mas aliados do político afirmam que é certa sua saída quando a fusão se concretizar. Especula-se que ele poderia ir para o PT, mas interlocutores não confirmam essa possibilidade.
Uma outra ala dos aliados de Policarpo descartam a filiação ao PT, mas asseguram que o presidente tende a migrar para um partido de centro-esquerda. Para além do PT, cogita-se também o PSB.
Um sinal claro, segundo as mesmas fontes, passa pelo discurso de Policarpo depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) avalizou sua recondução à presidência pela terceira vez consecutiva.
Na ocasião, Policarpo agradeceu o apoio recebido durante a tramitação do processo que buscava afastá-lo do posto máximo do Legislativo goianiense. Em pronunciamento na tribuna, o presidente também falou do apoio recebido no decorrer dos dias que antecederam o julgamento final do processo.
Ele agradeceu as lideranças do PT, PSB e até do PSDB, de quem disse também ter recebido apoio. Um outro detalhe ressaltado por lideranças próximas a Policarpo passa por iniciativas que visam homenagear lideranças de partidos que mantêm diálogo. Dentre elas, Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República, e Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado, ligada ao PT.
Fator tempo
Conforme mostrado pela coluna Xadrez do jornal O HOJE, em política, a frase “ainda é muito cedo para falar em eleição” soa tão falso como uma nota de R$ 3, no entanto, o que não faltam são especulações sobre o futuro dos agentes políticos que gravitam ao entorno do poder. Entre tantos personagens desse universo, os movimentos do presidente da Câmara têm chamado atenção.
Vereadores que conhecem os passos do presidente da Casa, vez ou outra comentam sobre o que Policarpo realmente quer em 2024. As Excelências avaliam que, caso o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) não estanque o seu derretimento junto a maioria da população, Policarpo tem tudo para se apresentar como um dos postulantes na disputa pela Prefeitura de Goiânia.
Mesmo que ele descarte nesse momento a possibilidade, todos os seus passos apontam nessa direção. Disputou o mandato de presidente do legislativo municipal antecipadamente, ‘colou’ no prefeito Cruz como aliado e desempenha a missão de controlar os rebeldes que batem bumbo contra o prefeito.
Mesmo que Policarpo decida não disputar a prefeitura de Goiânia no ano que vem, é certo que o político vai desempenhar papel de importância na campanha. Diante desse cenário, qualquer escolha precipitada poderia frustrar uma série de composições político/partidária num futuro não muito distante. Sendo assim, resta estudar com cautela antes de firmar compromisso com um novo partido. E Policarpo, segundo aliados, sabe disso.