Falta de vacina da Covid-19 para crianças preocupa mães goianas
Com os postos desabastecidos, muitas crianças estão com o calendário vacinal atrasado
Desde novembro de 2022, quando houve a ampliação da vacinação com a Pfizer Baby para crianças de seis meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias de idade, sem comorbidades, os pais e responsáveis estão tendo dificuldades para encontrar o imunizante na capital. Em falta desde dezembro, no Estado, a nova remessa disponibilizada pelo Ministério da Saúde deve chegar em Goiás ainda em janeiro.
Segundo informações da gerente de imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Alessandra Santana, a primeira e última remessa com lote de 35 mil doses, recebida em novembro do ano passado, foi distribuída aos 246 municípios do Estado e já está em falta em muitas cidades, incluindo Goiânia.
A gerente confirmou que a previsão, informada pelo Ministério da Saúde na semana passada, é de que a nova remessa dos imunizantes Pfizer Baby e Coronavac cheguem à Goiás ainda na segunda quinzena de janeiro de 2023. “Muitos municípios não têm mais doses, já usaram todo o seu estoque e não conseguiram vacinar toda a população, porque o Ministério da Saúde mandou somente uma remessa e a previsão é que seja na segunda quinzena de janeiro. Mas até então, não há nenhum ofício divulgado”, destaca a Alessandra Santana.
Mães se preocupam com crianças expostas
Com os postos desabastecidos, muitas crianças estão com o calendário vacinal atrasado. Na porta do Centro Municipal de Vacinação e Orientação ao Viajante (CMV), pelo menos cinco mães estavam voltando para casa com os filhos sem receber o imunizante.
Esse foi o caso de Theodoro, de 3 anos, vacinado com a primeira dose em outubro. Quando chegou a hora de receber a segunda, sua mãe, Elizabeth Batista Bastos Costa, 38, descobriu que o insumo estava em falta. “É desagradável. Queríamos que ele já estivesse imunizado. Ele já está em convívio com outras pessoas, e deve começar a ir para escola neste mês”, reclama.
Elizabeth demonstra preocupação com a falta de previsão para reposição do estoque de vacina, especialmente porque a sala de aula é um local de aglomeração. “É muito difícil controlar transmissão com criança pequena. A máscara para eles é mais difícil de usar, colocam a mão na boca o tempo todo. É o perfil que mais está exposto, e por isso me preocupa demais ficar com essa pendência no esquema vacinal”.
Juliana Siqueira Nunes, 40, que trabalha com relações públicas, passou por três postos de saúde só nesta semana em busca da segunda dose da Pfizer Baby para a filha Bruna, de 3 anos. E sempre recebem a mesma resposta das atendentes. “No posto próximo a minha casa me informaram que aqui teria a vacina. Cheguei e foi mais uma decepção. Estou há uma semana nessa corrida”.
Preocupada, ela se diz de mãos atadas com a situação, já que a família está de mudança para outro estado. “Vamos mudar sem ela ter tomado a segunda dose e não sei o que vou fazer. Amanhã já fica complicado resolver isso, porque já mudamos na semana que vem”, relata. Sem ânimo para peregrinar pelos postos de saúde, Juliana disse que vai tentar ligar nas unidades para saber a disponibilidade da vacina. “Creio que devo conseguir”.
Campanha infantil
Na última terça-feira (10/01) a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que a pasta vai iniciar uma campanha de vacinação infantil em fevereiro e que irá propor pontos de vacinação nas escolas. Nísia disse que a ideia é recuperar a alta cobertura de vacinação infantil.
Segundo a ministra, o abastecimento de vacinas para crianças e bebês contra a covid-19, que estão em falta no país, deve ser normalizado. Ela explicou que o Instituto Butantan se comprometeu a adiantar a entrega de 2 milhões e 715 mil doses nos próximos dias.
A vacina infantil contra a Covid-19, inicialmente, foi liberada somente para crianças com comorbidades. No entanto, a campanha passou a abranger crianças de 6 meses a menores de 3 anos, sem comorbidades, a partir do final de novembro, ampliando a procura.
Alessandra elucida que o esquema vacinal dos bebês é diferente da vacinação dos adultos e das crianças maiores, com dosagem desenvolvida especialmente para eles. Os bebês de 6 meses a menores de 3 anos recebem a Pfizer Baby. Já as crianças de 4 a 11 anos recebem a Pfizer Infantil e Coronavac, com duas doses, mais a dose de reforço. A partir de 12 anos, já podem receber a mesma vacina destinada aos adultos.
Até os 4 anos de idade, as crianças devem completar 3 doses no esquema vacinal contra Covid. “A vacina para a criança está recomendada a partir de seis meses até quatro anos, onze meses e vinte e nove dias. São três doses. Da primeira para a segunda dose, o intervalo é de quatro semanas e, da segunda para a terceira dose, oito semanas”, explica a gerente de imunização da SES-GO.
Importância da 2ª dose
O Ministério da Saúde orienta para que os pais e responsáveis levem suas crianças para completar o esquema vacinal, tomando a segunda e a terceira dose. A primeira dose protege contra formas graves da doença, mas a proteção é transitória e precisa ser reforçada com o passar dos meses, como explica o pediatra, Lucas Alvarenga.
“A primeira dose de vacina confere uma proteção relativamente boa, porém é transitória. Então, nós recomendamos fazer a segunda dose. A dose de reforço é, justamente, para manter os níveis de anticorpos contra esses agentes, para que tenha uma boa defesa”.
O pediatra destaca que nos primeiros anos de vida é ainda mais importante que as crianças criem defesas contra vírus e micro-organismos. “Principalmente no primeiro ano de vida, porque é justamente a fase em que o sistema imunológico da criança ainda não está 100% para evitar o contato com esses micro-organismos. Então é ainda mais importante que se vacinem as crianças nessa faixa etária precoce, para que evite formas graves da doença”, finaliza Lucas.