Naná Vasconcelos morre de câncer no Recife
Músico tratava a doença desde 2015, quando chegou a se submeter a sessões de quimioterapia
O percussionista pernambucano Naná Vasconcelos não resistiu a complicações de um câncer de pulmão e faleceu, ontem (9), às 7h39, aos 71 anos, em Recife (PE). O músico tratava a doença desde 2015, quando chegou a se submeter a sessões de quimioterapia. O velório está sendo na Assembleia Legislativa de Pernambuco e o sepultamento estava previsto para as 10h de hoje.
O percussionista premiado estava internado desde a semana passada, quando teria passado mal após show em Salvador (BA). O quadro do músico piorou no último sábado. Em dezembro de 2015, Naná recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Autodidata, nunca frequentou escola de música, nem se graduou, mas logo se firmou como um dos mais respeitados instrumentistas do País, tendo colaborado com nomes como Egberto Gismonti, Pat Metheny, além de ter produzido o primeiro álbum do Cordel do Fogo Encantado.
Ganhador de oito Grammys, o percussionista costumava quebrar protocolos e substituía, sempre que permitido nas cerimônias, os discursos por apresentações musicais. Naná, que aos 12 anos tocava profissionalmente em bares e clubes noturnos (onde lhe exigiam até autorização judicial), ao lado do pai, aprendeu a tocar sozinho, usando os penicos e as panelas de casa, ainda na infância. Não frequentou aulas de música, não ingressou na faculdade. Em entrevista, ele afirmou: “Quando você aprende teoria musical por livros, precisa sempre consultar os textos. Quando você aprende com o corpo, é como andar de bicicleta. Seu corpo se lembra”.
Em 2015, ele passou quase um mês internado para tratar do câncer no pulmão esquerdo, no mesmo centro médico onde faleceu. Um de seus últimos projetos foi o Café no Bule, em parceria com Zeca Baleiro e Paulo Lepetit. Compostas à distância, por telefone e e-mail, e em encontros em São Paulo, as dez faixas mesclam referências de vários ritmos, como jazz, afoxé, samba, maracatu e jazz. Entre elas, três vinhetas, espécie de “gole d’água ou de vinho”, ideia de Naná, que gostava de brincar com construções onomatopeicas.