Iron Maiden chega ao Brasil e traz novo show
Banda vem com Bruce Dickinson curado de um câncer e a bordo de seu CD mais aclamado em 15 anos
Conhecidamente mais eloquente ao pilotar uma guitarra do que ao conversar com jornalistas, Adrian Smith, aos 59 anos e com décadas de Iron Maiden nas costas, mostra-se sereno e até falante ao telefone. “O começo da turnê está fantástico!”, empolga-se. “É claro que os shows nem sempre são perfeitos tecnicamente, ou mesmo a produção, mas a atmosfera está maravilhosa”.
O sexteto londrino, fundado em 1975 pelo baixista Steve Harris, voltou à estrada no fim de fevereiro com a The Book of Souls World Tour, que começou com algumas apresentações pelos Estados Unidos e já enveredou pela América Latina, a bordo de um avião próprio, o Ed Force One, pilotado pelo cantor Bruce Dickinson (e que sofreu avarias num aeroporto no Chile, mas não causou cancelamento de shows).
Mais uma vez, a logística bolada pelo cantor permitiu à banda pousar em lugares pouco contemplados pelas grandes turnês. Depois de México, El Salvador, Costa Rica e Chile, o show chega hoje a Buenos Aires; na quinta-feira, ao Rio; no sábado, a Belo Horizonte; na terça, a Brasília; na quinta (24), a Fortaleza, e, no sábado (26), a São Paulo – com a abertura do Anthrax e da banda The Raven Age, em que atua o filho de Harris, George, na guitarra.
“Ensaiamos por um mês na Flórida antes de começar a turnê”, conta Smith. “Como Nicko (McBrain, baterista) mora lá e Steve também tem uma casa, foi um bom lugar para reaprendermos as músicas e nos aprontarmos para os shows de aquecimen… quer dizer, todo show é importante, você sabe”.
O Iron Maiden não subia a um palco desde o meio de 2014, quando encerrou sua turnê anterior, a Maiden England World Tour. De lá para cá, a banda foi para o estúdio Guillaume Tell (até nisso o grupo é chegado a uma mitologia), em Paris, para registrar o disco The Book of Souls, e, mais importante, enfrentou o tumor maligno que acometeu Dickinson – descoberto em fevereiro de 2015 e combatido com sete semanas de quimioterapia e radioterapia.
Em maio, o cantor recebeu a notícia de que estava curado. Sem pressa, a banda finalizou The Book of Souls, que, lançado em setembro, foi aclamado por público e crítica ao redor do mundo. Foi a melhor recepção a um disco da banda desde Brave New World, de 2000, exatamente o que marcou a volta de Dickinson e Smith à banda depois de seis e nove anos de ausência, respectivamente.
“Ficamos muito felizes com a resposta a The Book of Souls”, diz Smith. “Você sabia que ele foi gravado no mesmo estúdio que Brave New World? Se você ouvir com atenção, é possível encontrar semelhanças na sonoridade, é muito interessante. Mesmo com toda a tecnologia, o lugar onde um disco é gravado, os tijolos, tudo influencia o som.
Ele conta que o processo no estúdio foi mais ou menos o mesmo de sempre. “Tivemos liberdade total”, resume.
The Book of Souls ficou marcado pelas canções longas, com partes diferentes e longos trechos instrumentais. A mais simbólica delas talvez seja Empire of the Clouds. Composta por Dickinson ao piano, ela tem 18 minutos de duração (é a mais longa da história da banda, superando o clássico Rime of the Ancient Mariner?, de 1984) e conta a história de um acidente de avião em 1930, na França – Dickinson é aviador e historiador, afinal.
Mesmo em uma banda com seis marmanjos – já que, desde a volta de Smith, são três guitarras, com Dave Murray e Janick Gers responsáveis pelas outras –, o cantor é quem domina a cena. Na turnê atual, o Iron Maiden está tocando seis músicas do novo disco, de um repertório de 15 canções, além do bis, que deve ter The Number of the Beast, Blood Brothers e Wasted Years.
“Hoje em dia não é possível mais guardar surpresas, mas a produção está fantástica, com o novo Eddie (o monstro-mascote da banda, agora em sua encarnação múmia maia) e uma nova introdução”, anima-se Smith. “E também estamos muito felizes por excursionar com a Raven Age, banda do filho de Steve, George (guitarrista), e com os nossos amigos do Anthrax. Estamos viajando todos juntos em nosso avião, é sempre muito divertido”. (Agência O Globo)