Com novas altas, etanol deixa de ser vantajoso
Aumento do hidratado faz consumidor recuar e voltar a preferir gasolina na hora de abastecer em Goiânia
RHUDY CRYSTHIAN
Quem antes trocou a gasolina pelo etanol por conta da relação custo rendimento do motor começa a fazer o caminho reverso. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que as vendas de álcool combustível caíram em média 6,7% nos dois primeiros meses desse ano em todo País. Até o final do mês, a previsão é que o tombo seja ainda maior. Além da queda nas vendas o etanol aumentou muito mais na comparação com a gasolina.
Desde janeiro desse ano, os preços do hidratado ao consumidor final em Goiânia saíram do patamar médio de R$ 2,48 por litro nos postos para bater R$ 2,89 na semana passada, uma valorização de 16,5%. Nessa mesma comparação, os preços médios da gasolina nos postos goianienses subiram 8,5%, de R$ 3,58 para R$ 3,89 por litro. Com isso, a relação entre o preço do etanol e o da gasolina subiu de 69%, para 74%, ou até mais em alguns postos na capital.
Conforme parâmetro mais aceito pelo mercado, para ser vantajoso economicamente ao motorista, o etanol tem que valer até 70% do preço da gasolina. Assim, uma parte dos consumidores que antes abastecia seus veículos com etanol passou a migrar para a gasolina. Para o economista, Marcus Antônio Teodoro, essa relação já deixa de ser vantajosa logo quando passa de 65% isso se analisado outros fatores que deixam o motor menos eficiente.
O especialista afirma que para o consumidor fugir dessas armadilhas na hora de abastecer o automóvel a dica é antiga: pesquisar. “É importante o consumidor ficar sempre atento a essas variações de preço. Quando a relação deixa de ficar vantajosa, o motorista pode optar por abastecer metade gasolina e metade álcool”. Marcus conta que há mais ou menos dois meses ele vem percebendo que o etanol não é mais vantajoso em Goiânia.
A administradora de empresas, Edilene Goulart está de olho nos preços do combustível. Apesar de trabalhar perto de casa, ela usa o carro diariamente e afirma que tem percebido que usar etanol está mais pesado no bolso. Ela ainda usa o automóvel do namorado eventualmente e afirma que no carro dele só usa gasolina. “Nem me lembro mais quando foi a última vez que abasteci com álcool”, comenta.
Desaceleração começou no ano passado
De acordo com informações da ANP, a desaceleração do consumo de combustíveis no país começou em 2015, com a queda da atividade econômica. No primeiro bimestre de 2016, as vendas de combustíveis recuaram 3,47%, de 8,735 para 8,431 bilhões de litros.
Algumas consultorias estimam uma queda mais acentuara para a comercialização dos combustíveis esse ano, principalmente no primeiro semestre, mesmo com a demanda de etanol mais acelerada com a entrada da nova safra de cana.
O início da nova safra tende a pressionar u os preços do etanol para baixo, já que algumas usinas do País iniciaram sua produção. Vale ressaltar, que essa expectativa de queda é para preços pagos nas usinas. Nos postos, o sindicato da categoria em Goiás afirma, por meio de nota, que ‘o mercado de revenda é completamente livre para repassar ou não reajustes das distribuidoras’.