Galã, mas com talento
Israel Novaes procura inovar no sertanejo, gênero que ele diz ser a nova MPB
JÚNIOR BUENO
Israel Novaes é três vezes mais bonito pessoalmente. Mas garante que já foi “feinho,” no começo da carreira. Para quem começou em 2011 e estourou em 2013 no País inteiro, o cantor vive um momento de consagração. O cantor foi um dos primeiros a fazer uma fusão entre o arrocha, ritmo nordestino em voga na última década, com o sertanejo universitário, que faz a festa no mesmo período no Sudeste, Sul e Centro Oeste do País. “Eu aproveitei o sucesso do arrocha pra fazer um sertanejo diferente,” disse ele em conversas com jornalistas antes do show que fez no Festival Gastronômico, Esportivo e Cultural de São Simão, no último feriado de Semana Santa.
Israel lançou no ano passado o DVD ao vivo O Forró do Israel, em que aposta em outra mistura para o sertanejo. E é essa mistura que dá a tônica do show, que tem composições próprias e consagradas na voz de outros artistas. “Começou com o arrocha sertanejo, misturou com o sertanejo e virou o que virou. Esse show tem sete ou oito músicas diferentes, mas eu vou mudando porque tem que renovar. Levo o forró do Nordeste e o sertanejo do Centro-Oeste, assim a gente quebra esse preconceito regional,” diz. O próprio cantor, paraense radicado em Goiânia, é um exemplo dessa mistura.
Um dos artistas que mais fazem parcerias com expoentes de outros ritmos, Israel diz que é preciso ter uma química para se ter um bom dueto: “É uma tendência. Começa com uma amizade, participamos um do show do outro, há uma admiração mútua, surge à ideia de fazer uma música juntos e isso é um fator muito importante para que o sertanejo continue na crista da onda”. Para ele, o papel que o sertanejo ocupa hoje é centralizador no cenário musical: “O sertanejo é a nova MPB.”
Ele explicou o raciocínio com a visão que tem do sucesso do sertanejo: “Vem da quantidade de pessoas que aderiram a esse estilo musical, que com o tempo se tornou o principal. Podemos dizer que, tecnicamente, a MPB hoje é o sertanejo, é a Musica Popular Brasileira” e completou: “o sertanejo é a música do sertão e o Brasil é cheio de sertão”. Se pensarmos que o que ele faz é música, e não cinema, por exemplo; e é popular, não erudita e é brasileiro e não alemão, por exemplo, então podemos considerar que o cantor de Dodge Ram e Vó, Tô Estourado faz, sim, música popular brasileira.
E sobre a fama de galã ele refuta. “Um tempo atrás o pessoal era ‘feinho’ e tinha talento, ai melhorava a aparência. Hoje chega bonito e tenta melhorar o canto. Eu também era bem feinho,” diz ele. Ele tem uma visão crítica sobre modelos que entram no mercado sertanejo apenas por serem bonitos, sem talento para cantar. “O público gosta, porque é bom ver gente bonita, mas o público anda muito vagabundinho também”, se referindo ao fato de algumas pessoas – ele não cita nomes – se tornarem consagradas pelo público sem cantar tanto assim. Ele diz que nunca quis aparecer pela beleza, tanto que nem gosta de tirar fotos. O cantor, que só descobriu a música graças a um violão abandonado por um tio, adora o sucesso com as fãs, mas gosta mais é de cantar, mesmo.