Brasil reduziu a subalimentação
Resolução teve apoio do Brasil, que já define para os próximos
anos diversas iniciativas para alimentação saudável
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) reconhece que o Brasil é um dos países que mais reduziu a subalimentação nos últimos anos, saindo do Mapa Mundial da Fome em 2014. “Estamos ansiosos para se envolver neste processo, compartilhando informações sobre nossas políticas públicas e aprender com outras experiências”, destacou Patriota.
A experiência brasileira em políticas públicas pode contribuir para a superação da fome no mundo. “O Brasil se tornou uma referência internacional em questão de políticas de segurança alimentar e nutricional”, afirmou o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, na quarta-feira (30), durante o lançamento do livro Superação da Fome e da Pobreza Rural: Iniciativas Brasileiras.
Somente em 2015, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) recebeu 61 delegações de 40 países para conhecer as políticas públicas brasileiras, tanto com seminários como em visitas de campo, para que eles pudessem ver as ações em funcionamento. As missões vieram predominantemente de países da América Latina (40%) e da África (35%). E representantes de Armênia, Camboja, Grécia, Holanda e Suíça foram pela primeira vez recebidos pelas equipes do ministério.
Novo ciclo – A resolução da ONU também alerta os países para a alimentação saudável. “As crianças não conseguem colher plenamente os benefícios da escolaridade se não acessarem os nutrientes necessários; e as economias emergentes não atingirão seu pleno potencial se os trabalhadores estiverem cronicamente cansados por causa de uma dieta desbalanceada”, explicou José Grazian o da Silva, diretor-geral da FAO. “É por isso que celebramos a Década de Ação pela Nutrição e estamos ansiosos para fazer dela um sucesso.”
No debate que está sendo realizado entre o governo federal e a sociedade para elaborar as novas diretrizes que vão compor o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PlanSAN) até 2019, o Brasil enfrenta novos desafios. “Agora temos um novo ciclo, com novos problemas relacionados à má-alimentação, ao sobrepeso e à obesidade que se espalha pelo país. Temos que atualizar a nossa estratégia a partir do diálogo e da construção conjunta”, afirma o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2015 demonstram que atualmente, um terço das crianças brasileiras está com sobrepeso, 56,9% da população adulta está com excesso de peso e destes, 21,3% estão obesos. Isto tem contribuído com a expansão de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, muitas delas decorrentes da má alimentação, e que são responsáveis 72% das mortes no Brasil.
Preocupado com este quadro, um conjunto de políticas públicas e outras iniciativas de garantia de acesso a alimentos vem sendo reforçado. Dentre elas, o governo federal, em parceira com organizações da sociedade e o setor privado, lançou neste mês de março a campanha Brasil Saudável e Sustentável. O calendário da campanha passa pelas Olimpíadas Rio 2016 e se estende até maio de 2017, com a realização de ações que estimulem as pessoas a refletir sobre os hábitos de consumo e a optar por escolhas alimentares cada vez mais saudáveis, demonstrando as vantagens do consumo de produtos locais, frescos, vindos da agricultura familiar, da produção orgânica ou agroecológica.
E, desde novembro do ano passado, a partir de decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff, a União, estados e municípios estão sendo sensibiliza dos para aderir ao Pacto Nacional para Alimentação Saudável, segundo a diretora de Estruturação e Integração de Sistemas Públicos Agroalimentares do MDS, Patrícia Gentil. “Não queremos entrar no Mapa do sobrepeso e da obesidade. Temos um cenário preocupante relacionado ao aumento das doenças crônicas e, para reverter a situação, devemos melhorar a qualidade da alimentação.”