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domingo, 24 de novembro de 2024
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Música

Um som para viajar

Hellbenders divulga lançamento do seu novo disco, ‘Peyote’, e lança novo videoclipe

Postado em 5 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
Um som para viajar
Hellbenders divulga lançamento do seu novo disco

José Abrão

Uma das maiores bandas de rock de Goiás se prepara para lançar seu mais novo disco. Chamado de Peyote, o álbum de oito faixas é o segundo da banda e traz consigo uma trajetória única na música nacional. O motivo disso é que o CD foi gravado no Rancho de La Luna, no deserto da Califórnia (EUA). O que tem de especial nisso? Tem que o estúdio pertence a David Catling, ex-Queens of the Stone Age e membro do Eagles of Death Metal e apenas bandas convidadas podem tocar lá. Por este estúdio seleto, só passaram grupos aprovados pessoalmente por Catling, como Foo Fighters e Arctic Monkeys.

Além do convite muito especial, há o pioneirismo: a Hellbenders é a primeira banda brasileira a ser convidada a gravar por lá e, por definição, a primeira a aceitar o convite. Um belo marco na história do rock nacional vindo direto da capital do sertanejo. O novo trabalho não tem dia exato pra sair ainda, mas será lançado no início de junho em CD, vinil e até fita K7 em parceria com o selo paulistano Hearts Bleeds Blue (HBB). “Quando a gente recebeu o convite, não pensamos duas vezes, só fomos”, conta Diogo Fleury, vocalista e guitarrista da banda. A ida foi bancada pelos fãs: com um projeto de financiamento coletivo, a banda levantou R$ 38 mil para pagar a viagem e a gravação.

Isso foi no segundo semestre de 2014 e só agora o disco vai dar as caras. O primeiro trabalho da banda é de um ano antes, 2013, o Brand New Fear, e de lá para cá, foi quase inteiramente de puro silêncio no rádio. “Demorou para mixar, masterizar e prensar”, revela Fleury. “Acabou que juntamos X, e todo o processo custou 3X. Foi tudo feito fora, não necessariamente no rancho, mas a prensagem foi feita aqui no Brasil mesmo, em parceria com a HBB”.

Ele conta que o convite foi pura surpresa. A banda foi para os EUA participar do festival South By Southwest e teve muita sorte: “Fizemos um show vazião num lugar chamado The Parlor. Era afastado e cedo. Devia ter umas dez pessoas. Acontece que um dos caras era o Jimmy Ford, amigo de banda e parceiro do David Catling e passou o nosso contato adiante”. Aí a banda voltou para o Brasil e, de repente, chegou um e-mail. “Foi uma experiência muito enriquecedora co­nhecer um mercado de música que funciona de forma completamente diferente do daqui e absorvemos várias coisas boas da experiência”, conta Fleury.

Para ele, toda a viagem e a gravação ainda parecem meio irreais. “Até hoje eu me pego pensando em tudo que passou. É difícil botar em palavras. Nunca imaginamos que algo assim ia acontecer. Conhecemos os caras de quem somos fãs há muito tempo! É um mix de emoção muito grande”. E é claro, foi tudo muito além da tietagem: foi a honra de trabalhar com os seus ídolos. “Foi tudo muito natural, foi como gravar na casa do seu avô (risos). É muito legal ver os caras ali, na sua frente, curtindo seu som. É muita realização, não consigo medir tudo o que significou”.

O pontapé inicial do lançamento veio com o videoclipe de Bloodshed Around, postado no YouTube na semana passada. Ele foi feito pela Infravermelho Filmes, de São Paulo: “Foi filmado em novembro. Os caras têm uma banda e nós os conhecemos em uma turnê. Eles entendem o que é fazer um vídeo para uma música e gostam muito de fazer filmes de ficção-científica. A música fala disso, tem muito a ver e o clipe deu muito certo, ficamos muito satisfeitos”, conta Fleury. A arte de capa também já foi revelada. Novamente, ela é assinada pelos goianos do grupo Bicicleta Sem Freio. 

Os caras já possuem renome mundial e também são conhecidos por sua banda de rock Black Drawing Chalks. “Ela foi feita pelos feríssimas do Bicicleta. Se a gente não fizer com os caras é porque eles não têm tempo, mas se depender da gente, eles já estão escalados para fazer nossas artes sempre”, disse Fleury e completa “somos muito amigos deles e eles são profissionais incríveis”. Depois de tudo isso, o vocalista conta que ele mesmo já está muito ansioso pelo lançamento. “Estou agoniado com a demora. Queremos muito lançar esse material e ficamos ausentes por um tempo. Mas era muito trabalho, não era hora ainda. Como se diz: não podíamos botar o carro na frente dos bois”.

Falando em ansiedade, ele revela que a banda de­ve sair em turnê antes do lançamento. “Devemos sair em turnê logo após o Bananada (que acontece entre os dias 9 e 15 de maio). Sempre fomos uma banda de show. Nossa energia de palco é uma das nossas principais características”. A agenda ainda não está fechada, mas ele promete divulgá-la em breve na internet. Diogo agradece muito aos fãs, e sente orgulho da cena musical goiana. “O que me deixa mais feliz que o reconhecimento do Hellbenders é mostrar a diversidade e qualidade da música de Goiânia. Tem muita banda boa de todos os estilos. Tem muitas novas muito boas, a galera da Carne Doce, os Boogarins… Para a gente, é um prazer muito grande fazer parte desse time”.

Para ele, tem bastante espaço para o rock e o sertanejo dividirem, assim como o rap, o eletrônico, o samba e tudo o mais: “Goiânia é um pólo do sertanejo e isso é louvável, mas não podemos nos focar só nisso. Estamos representando Goiânia e também o Brasil, lá fora. Estamos conhecendo gente que está batalhando para viver de música de forma independente e que luta por pura paixão. O que eu mais tiro dessa experiência no rancho é que podemos bater no peito e dizer: ‘pode ser feito. Foi feito’. Lutamos muito por isso”.

 

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