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domingo, 24 de novembro de 2024
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Cultura

O amor nos tempos da crise

Zezé de Camargo acredita que o Brasil enfrenta uma provação para se tornar realmente grande.
Enquanto isso, ele administra a crise na relação com Luciano

Postado em 8 de abril de 2016 por Sheyla Sousa
O amor nos tempos da crise
Zezé de Camargo acredita que o Brasil enfrenta uma provação para se tornar realmente grande.

Júnior Bueno

Feriado de Semana Santa em São Simão. A simpática cidade ribeirinha se alvoroça para assistir, de graça, ao primeiro show de Zezé de Camargo & Luciano naquele município. A dupla foi uma das principais atrações do Festival Gastronômico, Esportivo e Cultural da cidade. Enquanto a área de shows ia ficando cada vez mais cheia, nos bastidores uma crise se delineava, e um pequeno contingente de pessoas em torno da dupla se formava. Ou melhor, em torno de cada membro da dupla em separado. 

O camarim de Zezé Di Camargo ficava no fim de um corredor. Na outra ponta do corredor, o mais separado quanto possível ficava o camarim de Luciano. O irmão mais velho e o mais novo não se falam e não fazem questão de fingir o contrário. Quando um passa, o ou­tro precisa ser avisado, para não se cruzarem. O repórter do Essência que foi cobrir o festival falou com Zezé e tentou falar com Luciano, mas este, mais magro e com cabelo novo, não estava em um dia de bom humor. Em mais de uma vez o cantor ameaçou deixar o local e não fazer o show.

Enquanto a dupla Israel e Rodolfo fazia o show de abertura, Zezé topou falar com a imprensa. Mas não sem antes se armar um pequeno circo em volta dos camarins. Muitas pessoas fazem os mesmos avisos: tempo limitado, pauta restrita ao show e entrevista em grupo. O cantor ficou em uma salinha menor para falar com jornalistas, enquanto no camarim a modelo Graciele Lacerda, namorada de Zezé ocupava o camarim. Sem ventilação, o calor aumentava – e muito – dentro da salinha. Em um terno azul-turquesa, ele suava em bicas, mas não parava de sorrir. Para amenizar o clima, um membro do staff balançava uma tampa de caixa de isopor.

Mesmo que o clima não seja favorável e as condições não sejam tranquilas, Zezé Di Camargo parece gostar de falar com a imprensa. Bem-humorado, atencioso e solícito, ele fala olhando no olho quando responde uma pergunta e responde articuladamente mesmo as perguntas mais batidas como “o que você preparou para o show de hoje?” Ele diz que canta o que o povo gosta, músicas que marcaram a vida de muita gente. “Se eu cantar alguma música que as pessoas não cantarem do começo ao fim, não precisa pagar o cachê,” diz ele sorridente.

Sobre o Carnaval deste ano, ele descreveu a sensação de ser, junto com o irmão, homenageado pela escola Imperatriz Leopoldinense: “Foi surpreendente. Contar a história do sertanejo pela primeira vez na Marquês de Sapucaí e usando Zezé Di Camargo & Luciano como o exemplo maior, podendo ainda mostrar um pouco da historia de Goiás, da nossa origem, de Pirenópolis, é um sonho do qual eu não acordei até hoje. São poucos os artistas que são homenageados em vida, menos ainda sertanejos na Sapucaí, somos os únicos”.

Sobre a atual situação política e econômica no País, Zezé acredita que estamos passando uma provação, um desafio a ser vencido, para daí poder crescer. Como a Europa, o Japão e os EUA enfrentaram guerras, por exemplo. “O povo precisa passar esse país a limpo e nós temos que apoiar essas pessoas que estão dispostas a fazer isso. O mal que nós temos aqui é corrupção e ser mal governados, independente de partido. Em todos os partidos existem uma minoria de pessoas boas e a maioria de pessoas ruins que só quer tirar proveito da situação,” opina.

A história de Zezé, narrada no filme Dois Filhos de Francisco, se confunde com sua paixão precoce pela música. Cantando ao lado do irmão Luciano desde 1990, ele, antes dis­so, já havia tentado outras formações e cantado solo. Estouraram com o hit É o Amor e, desde então, mais que artistas, são celebridades da música, daí o salamaleque da produção em torno deles. A dupla subiu ao palco naquela noite, após alguns contratempos e o show enfim, saiu. A voz de Zezé já não tem o mesmo vigor do início da carreira, mas ele segura bem o show, com a ajuda do irmão. No palco, eles exalam carisma. Ali eles fazem por merecer cada centavo do cachê, e por uns instantes, voltam a ser apenas os dois filhos de Francisco. 

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