Diminui número de veículos nas ruas goianas
Queda na inclusão de veículos novos no Estado reflete cenário de crise. Aumenta circulação de veículos usados no primeiro trimestre
RHUDY CRYSTHIAN
O ritmo de crescimento da frota de veículos em Goiás sofreu redução no primeiro trimestre deste ano. A queda foi de 21,6%. De janeiro a março de 2015, foram incluídos 60.289 mil veículos zero quilômetro no Estado. No mesmo período deste ano, foram emplacados 47.228 mil veículos novos.
Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran) e refletem a realidade e os efeitos da crise econômica que podem ser sentidos nas ruas. Os números mostram que em Goiânia, também foi registrado recuo no índice de veículos novos inclusos na frota, – 14,75%.
O administrador de empresas, Wesley Montelo, está desde o ano passado em busca de um carro zero, ele já teve que adiar a compra do automóvel por diversas vezes. Para fugir das altas taxas de juros, ele pretende dar uma entrada de 70% do valor do veículo que deverá custar em torno de R$ 35 mil.Wesley coloca a culpa na crise financeira por ainda não ter fechado o negócio. “Comecei a procurar o carro em meados do ano passado. Pelo atual cenário financeiro do País só terei condições de fechar negócio no final do ano”. O administrador acredita que a alta no final do ano passado do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), também contribuiu para o adiamento da compra.
Usados
Ainda de acordo com o Detran, a inclusão de veículos usados apresentou uma leve reação. No primeiro trimestre de 2015, foram transferidos para Goiás 26.966 mil veículos de outros estados, frente 28.005 mil registrados no mesmo período de 2016. O aumento foi de 3,8%.
Para o economista Marcus Antônio Teodoro, com essa substituição do carro zero pelo seminovo, o consumidor pode economizar com impostos, seguros etc. O novo proprietário também deve levar em consideração que com na compra do carro zero ele terá uma perda maior do valor do bem. “Só de tirar o carro da concessionária já se perde 20% com a desvalorização”, pondera.
A esteticista Milanne Siqueira está desde o início do ano em busca de um automóvel seminovo. Mas já teve que adiar os planos por diversas vezes. Ela pretende desembolsar em torno de R$ 20 mil. “Já tenho R$ 18 mil quero comprar à vista, por isso ainda estou demorando para fechar negócio. Neste momento de crise é melhor não fazer dívidas”, pondera.
Financiamentos
O volume de financiamentos de veículos caiu 19,1% só nos primeiros três meses desse ano, em relação ao mesmo período do ano passado, no Brasil. O levantamento é da Unidade de Financiamentos da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.
O economista explica a queda nos financiamento pode ser explicada pelo receio do consumidor de assumir novas dívidas. “Com recessão e a queda no poder de compra é natural que o consumidor evite assumir mais compromissos”. Para a gerente de marketing de uma rede de concessionárias em Goiânia, Christine Godinho, essa substituição do novo pelo semi e a retração no volume de financiamentos é uma movimentação natural do mercado em momento de recessão.