Secretário de Direitos Humanos condena homenagem a Ustra feita por Bolsonaro
Sottili afirmou que a “exaltação aos horrores” daquele período é uma afronta aos direitos humanos
O secretário de Direitos Humanos do governo federal, Rogério Sottili, condenou, em nota, as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em homenagem ao coronel e ex-chefe do Doi-Codi Carlos Brilhante Ustra no seu voto a favor da abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, no último domingo. Sottili critica a lembrança do período ditatorial e afirmou que a “exaltação aos horrores” daquele período é uma afronta aos direitos humanos.
“Ao repudiar com veemência o discurso do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), exaltando a memória de um dos maiores torturadores da história desse país, lamenta-se profundamente que a brutalidade e a gramática da violência ainda encontrem lugar nos diversos espaços da sociedade, inclusive no Poder Legislativo, onde os debates e argumentos essenciais deveriam ter a democracia e o respeito a todos os seres humanos como princípio. Tais posições são inadmissíveis em contextos democráticos, já que são, inclusive, apologias a crimes previstos pelo Código Penal como hediondos, inafiançáveis e imprescritíveis”, afirmou Sottili.
O secretário disse ainda que a impunidade a figuras como o torturador Brilhante Ustra, que morreu ano passado, ainda perpetua enquanto não houver a devida revisão da Lei da Anistia. “Neste cenário, não há outro comportamento admissível diante de tal discurso que não seja a plena indignação. A preocupação com a escalada dos discursos de ódio deve servir para deixar a sociedade permanentemente em alerta e mobilizada”, concluiu.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho de Bolsonaro, ao declarar seu voto homenageou os militares de 1964. (Agência Brasil)
Foto: Wilsom Dias/Agência Brasil (Fotos Públicas)