JÚNIOR BUENO de são paulo

Segundo dados do último Censo do IBGE, 36 milhões de brasileiros afirmaram fazer uso de algum tipo de correção visual, como óculos, lentes de contato, cirurgias, etc. No entanto, um número ainda maior – estimado em mais 60 milhões –, pode sequer ter consciência da existência de problemas oculares, na maioria das vezes pela falta de informação e de aces­so a exames regulares. Os dados se baseiam na estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual 50% da população mundial possui algum problema de ordem visual, des­de males mais simples até a cegueira definitiva. 

Bento Alcoforado, Presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), afirma que o problema pode ser ainda mais complexo. “Os números em si são realmente grandes, mas a maior questão é estrutural. Não temos no Brasil uma ‘política pú­blica da visão’, ou seja, os estados, os municípios e o governo federal não se falam, o que causa uma série de iniciativas desconexas, em realidades sociais e demográficas diferentes e, consequentemente, uma completa falta de perspectiva de resolução do proble­ma”.

Exames regulares 

Outra questão fundamental é que não há no Brasil nem o costume nem a obrigatoriedade do exame de visão. “Apenas na renovação da CNH e no momento do alistamento militar obrigatório – que é um ambiente predominantemente masculino – os exames são exigidos”, ressalta Alcoforado. Para corrigir o problema, a Abióptica, com o apoio de entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Oftalmologia e a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, acompanha de perto o andamento de dois Projetos de Lei no Congresso Federal. O primeiro institui a obri­gatoriedade de exames de visão no período pré-escolar.

O segundo prevê exames de visão pré-admissionais. “Há dados importantes de repetência escolar causada por problemas de vi­são, assim como números alarmantes de acidentes de trabalho motivados pelos mesmos problemas. Se pensarmos minimamente adiante, veremos que se trata de uma questão de saúde pública o que, por si só, já representa prejuízos enormes não apenas à população, mas aos cofres do governo no Brasil como um todo”, alerta Bento.

A Fundação Abióptica, braço social da Associação Brasileira da Indústria Óptica promove desde 2015 o Projeto Olho Vivo, ini­ciativa que tem como principal objetivo conscientizar a população brasileira quanto à importância dos cuidados com a visão e, como consequência, ampliar e democratizar o acesso do cidadão brasileiro aos exames de vista e aos óculos corretivos.

O Projeto já percorreu diversos estados do país, como Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Amazonas, Minas Gerais, Goiás e Pará – levando, gratuitamente, material didático com dicas sobre como cuidar da visão, além da realização de exames de triagens, detecção e encaminhamento da população ao oftalmologista.

* O repórter viajou a convite da Abiótica