Cora Coralina recebe trabalhos de duas artistas plásticas
Fabiana Queiroga e Filomena Gouvêa expõem juntas na mostra ‘Entre Dois Olhares’, que tem o corpo como foco
Júnior Bueno
As artistas plásticas Fabiana Queiroga e Filomena Gouvêa se unem pela primeira vez para a exposição coletiva Entre Dois Olhares, com trabalhos que revelam suas miragens transversais sobre o corpo humano. A exposição tem como foco o corpo como um lugar de transição, memória, afeição, em um jogo de transparências e sobreposições.
A abertura foi ontem, e durante todo o mês de maio as obras ocupam a Vila Cultural Cora Coralina. Por meio de diferentes linguagens visuais, as artistas ilustram a sensibilidade do corpo humano em possibilidades para o ato criativo em imagens poéticas. A mostra tem curadoria do artista plástico e professor Zé César da UFG.
As artistas possuem trajetórias bem peculiares. Enquanto Fabiana Queiroga caminha com um traço sempre em movimento, com transições sensoriais, Filomena Golvêa brinca com a relação da arte e da ciência, com estudo sobre o corpo, em desdobramentos em gravuras e objetos. O trabalho da primeira caminha entre o espaço de fora e o poético com interpretação do pensar, tendo como suporte o tecido, o papel e o objeto. Com um traço sempre em movimento, Fabiana tenta criar uma relação direta com o observador, levando em seus trabalhos uma temática sensorial e afetiva.
Já Filomena desenvolve pesquisas teóricas e práticas em poéticas visuais, com temas ligados a arte e ciência, em um foco sobre o corpo humano, em desdobramentos em gravuras e objetos. De acordo com Fabiana, o ato de perceber o corpo é uma verdadeira autoanálise, uma reflexão contemporânea e social sobre o contexto no mundo. “Falo sobre o corpo nas representações da figura feminina aplicada em aquarela, gravura, fotografia e objeto. Os trabalhos criam um laço com o olhar e o ser olhado, transpõem o toque e o espaço com suas percepções dos tons e as sutilezas contidas no fato de perceber o que nos toca”, reitera a artista.
Para Filomena, existe uma busca na imagem médica para sair da superfície e procurar o que é comum aos humanos em sua interioridade física. “Na exposição, apresento partes do corpo, do cérebro e da coluna, como interioridade que se relaciona com a imagem de uma paisagem. Debruço à temática do corpo numa relação entre imagens de arte e ciência. O processo criativo relaciona-se à gravura sobre o meu próprio corpo em cruzamentos, mixagens de técnicas e sobreposições de imagens”, explica.
Com atos criativos semelhantes, as artistas têm uma verdadeira gana por trabalhar com arte em uma relação de pesquisa tanto teórica quanto prática e, principalmente, no ensino, já que também lecionam na PUC-Goiás. “Há em comum principalmente o fato de olharmos a partir de nossos próprios corpos a favor de outros contextos. O que difere os olhares é que a Fabiana trabalha com a representação da figura humana em situações do interior, com memória de gestos, afetos e comportamentos”, finaliza Filomena.
SERVIÇO
‘Entre Dois Olhares’
Visitação: Até 31 de maio
Horário: Das 8h às 17h (de terça a sexta-feira)
Onde: Vila Cultural Cora Coralina
Entrada franca
Foto: reprodução (Secult)