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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Brasil deve ampliar acesso de anticoncepcionais

Desde os anos 1980 o Brasil tem destaque no cenário global pela abordagem dos direitos reprodutivos sob a visão de direitos humanos

Postado em 12 de maio de 2016 por Sheyla Sousa
Brasil deve ampliar acesso de anticoncepcionais
Desde os anos 1980 o Brasil tem destaque no cenário global pela abordagem dos direitos reprodutivos sob a visão de direitos humanos

Da redação 

O Brasil avançou nas últimas décadas na disseminação do uso de anticoncepcionais entre as mulheres. No entanto, entre as adolescentes de classes mais baixas o acesso a esses métodos é deficiente, disse a cientista social Carmen Barroso, membro do Painel Independente da Estratégia Global sobre Saúde de Mulheres, Crianças e Adolescentes do secretário-geral da ONU.

Segundo dados do UNFPA, a taxa de fecundidade adolescente no Brasil passou 86 para cada 1 mil habitantes em 2000 para 75,6 em 2010. Esse indicador é quase o dobro de outras regiões do mundo, nas quais a média é de 48, 9 por 1 mil. Segundo o levantamento, a maior incidência de gravidez na adolescência ocorre entre jovens de classes mais pobres.

No fim de abril, Carmen recebeu o Prêmio de População das Nações Unidas de 2016 por sua trajetória pioneira em estudos de gênero e na formulação de políticas de saúde da mulher. A homenagem é feita anualmente pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) a indivíduos ou instituições por suas contribuições nas áreas de população e saúde reprodutiva.

Para a especialista, desde os anos 1980 o Brasil tem tido destaque no cenário global por sua abordagem dos direitos reprodutivos das mulheres sob a óptica de direitos humanos, e não mais sob o olhar de controle populacional como ocorria durante a ditadura militar. Na opinião de Barroso, o prêmio concedido pela ONU reconhece justamente essa abordagem.

Apesar disso, o país ainda enfrenta importantes desafios, especialmente em relação ao acesso das adolescentes mais pobres a métodos contraceptivos e nos debates sobre a interrupção voluntária da gravidez.

Carmem reconheceu que houve uma recente disseminação dos métodos anticoncepcionais, que estavam anteriormente restritos às classes médias urbanas. “Mas essa disseminação ocorreu entre as mulheres mais velhas. As jovens ainda enfrentam toda uma carga de preconceitos, segundo os quais elas não devem ser sexualmente ativas”, declarou.

A consequência disso é uma alta incidência de gravidez entre adolescentes, mesmo com a trajetória de queda registrada nos últimos anos.

“As meninas pobres mais velhas bem ou mal estão conseguindo acesso bastante amplo (a métodos anticoncepcionais). As meninas de classe média têm suas dificuldades, mas não tanto. Já as meninas pobres estão engravidando sem desejar”, afirmou.

 

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