Paradoxo: obesidade eleva número de desnutridos no mundo
Estudo afirma que 44% dos 129 países pesquisados enfrentam níveis severos de subnutrição e obesidade. Maior preocupação é com a falta de ações de combate à obesidade em crianças
De acordo com o Relatório Global de Nutrição publicado na última terça-feira (14), a subnutrição é um problema endêmico no mundo e, apesar de estar historicamente ligada à falta de alimentos, atualmente está muito mais relacionada com uma dieta pobre em nutrientes. Segundo o estudo, 44% dos 129 países pesquisados enfrentam “níveis muito severos” de subnutrição e obesidade, o que mostra que uma em cada três pessoas no mundo sofre de algum tipo de desnutrição. O índice é considerado tão alto que estar desnutrido é regra e não exceção.
De forma geral, a pesquisa mostra que grande parte das pessoas com sobrepeso estão subnutridas e, apesar dos altos níveis de açúcar e colesterol, elas tem déficit de vitaminas e minerais. Por causa disso, a maior preocupação dos especialistas é com as crianças. Enquanto muitos países avançam na busca pela redução do número de crianças com peso abaixo do ideal, poucos combatem a obesidade e as doenças associadas. Os pesquisadores pedem ações mais efetivas do poder público e mais investimentos para solucionar a questão.
Para a médica endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Mariana Santos, é preciso mudar a perspectiva de que a criança gordinha é saudável. “Precisamos rever o padrão de beleza que coloca a criança saudável como aquela criança gordinha porque a obesidade infantil traz vários problemas para a criança, como diabetes, aumento de colesterol, possíveis problemas no desenvolvimento, como a puberdade precoce que ocorre justamente por causa do peso.
A criança obesa tem uma alimentação ruim e irregular, rica açúcar e gordura e pobre em nutrientes, o que acarreta desnutrição. A dieta desequilibrada causa deficiência de vitaminas como as vitaminas A, D, C e E, de minerais como ferro, zinco e cálcio. O paradoxo está justamente no fato de se ter uma criança acima do peso e, mesmo assim, com deficiência de nutrientes”, afirma a médica.