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domingo, 24 de novembro de 2024
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ARTES CÊNICAS

O teatro como ele é

A companhia teatral Oops!.. comemora 15 anos de atividades com oficinas e apresentações de sete peças de seu repertório

Postado em 12 de julho de 2016 por Sheyla Sousa
O teatro como ele é
A companhia teatral Oops!.. comemora 15 anos de atividades com oficinas e apresentações de sete peças de seu repertório

Júnior Bueno 

A virada do milênio foi, de alguma forma, bastante auspiciosa para o teatro goiano. Entre 2000 e 2001, o curso superior de Artes Cênicas na UFG foi criado; a lei de incentivo à cultura começou a ser aplicada pelo governo do Estado; O festival Goiânia em Cena teve sua primeira edição, e alguns grupos de teatro surgiram na cidade. A Companhia Teatral Oops!.. foi um desses grupos, nascida em novembro de 2000, pelas mãos de quatro jovens inquietos e sob o signo da experimentação.

João Bosco Amaral, criador do grupo, recorda: “Quando a gente começou, havia pouquíssima referência disponível, poucos grupos de teatro de pesquisa, de estudo sobre o trabalho do ator”.  Segundo ele, não havia em Goiânia o contato com teorias, sequer em livros, sobre teatro contemporâneo. O teatro que se fazia na cidade ou bem era calcado na realidade, herança dos anos 80, ou eram comédias regionais, baseadas em causos caipiras.

“Mesmo os locais para se apresentar eram escassos. Tinha o Martim Cererê e só; o Teatro Goiânia não era acessível a companhias locais. E mesmo o Cererê tinha uma pecha de local alternativo”, diz João Bosco. Na medida em que a companhia tomava corpo, um público de teatro goiano também começou a se formar na cidade. Outras companhias surgiram também com interesse em pesquisa sobre o fazer teatral. “Essa linguagem, que refletia a realidade, ao mesmo tempo em que trouxesse o fazer cênico, a gente tinha no cinema, mas em teatro, não,” explica João Bosco, que avalia esses 15 anos como uma evolução no teatro goiano. 

“A partir do primeiro Goiânia em Cena, em 2001, nós passamos a ter acesso a companhias de fora, até de fora do País, e começamos a ler livros de teoria teatral, o que refletiu nas produções e pegou esse público, que estava meio carente. Houve, desde então, uma polifonia, da quantidade de companhias na cidade, o que é ótimo”, diz o ator e diretor, que ressalta que, neste ambiente específico, não há concorrência entre as companhias, já que cada uma desenvolveu uma identidade própria.

A Oops!.. sempre trabalhou com um método definido como Work in Progress, que é o método de definir como é a peça à medida que ela é produzida, resultando de um processo coletivo em que todos ajudam a definir como será a montagem. João Bosco é um dos entusiastas do Teatro que É, como ele chama o teatro contemporâneo, que se utiliza de várias vertentes – teatro pobre, comédia dell’arte, teatro político, etc. – e compila todas em um só. A companhia se comunica com diferentes técnicas e teoria no intuito de encontrar seu próprio método de criação e esse teatro, que tem cara de tudo, é só teatro mesmo: o teatro como ele é.

E neste período em que a já é uma debutante, a jovem companhia não quer valsa e vestido de cetim: festa para essa gente de teatro só se for no palco. Com patrocínio da Lei Goyazes, o projeto Oops!.. 15 Anos vai compartilhar suas experiências por meio das apresentações de sete espetáculos do seu repertório e de cinco oficinas de arte. São ações formativas, desenvolvidas por meio de treinos e laboratórios de criação e aprimoramento cênico. As oficinas já ocorrem desde o começo de julho, e já foram ministradas técnicas circenses, teatro para crianças e teatro contemporâneo. Nesta semana, estão em cursos oficinas de expressão corporal e literatura dramática.

Os espetáculos (veja agenda abaixo) são os que fazem parte do atual repertório da companhia, dentre eles, a remontagem de O Pequeno Príncipe, primeira peça montada pela Oops!.., nos primeiros anos. Três peças serão montadas ao ar livre, nos parques de Goiânia, sempre aos domingos e com entrada franca. As demais serão encenadas no Teatro Sesc Centro e também são gratuitas.

Com seis atores no elenco, além de outros profissionais de outras áreas envolvidos nos processos criativos, a  Oops!.. procura traduzir seus anseios por meio de suas peças teatrais, partindo de três eixos principais que nortearam a pesquisa de linguagem do grupo: Clown, Contemporâneo e Rua. 

Estes eixos traduzem os diferentes meios pelos quais a Oops!.. sistematiza o processo criativo, determinando tanto a temática dos espetáculos quanto sua estética, em método de trabalho caracterizado pela pela necessidade de expressão dos próprios anseios e pensamentos por meio do teatro, comunicando com diferentes técnicas e teorias, no intuito de encontrar seu próprio método de criação, o Teatro que É.

 

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