Ambulantes permanecem nos terminais do Eixo
Um mês depois do aviso da proibição da permanência dos ambulantes nos terminais do Eixo, vendedores informais continuam nos locais
Mardem Costa Jr.
Os comerciantes ambulantes ainda são presença garantida nos terminais de ônibus do Eixo Anhanguera um mês depois da divulgação de um comunicado da Metrobus afixado nos locais determinando que a data-limite para a presença deles era 17 de julho. Enquanto isso, os passageiros são obrigados a dividir espaços de circulação com os vendedores ilegais, prejudicando a circulação das pessoas nas plataformas de embarque e desembarque.
A equipe de O HOJE esteve ontem no Terminal Novo Mundo, região Leste de Goiânia. Os ambulantes ocupam toda a plataforma do Eixão, a principal linha de ônibus da cidade, com barraquinhas improvisadas ou mais organizadas. Vendem de tudo: água, frutas, cigarros, roupas, sandálias, chinelos, tapetes, “geladinhos”, entre outros.
Se o problema já incomoda quem utiliza o terminal em horários mais calmos, nas horas de pico a dificuldade de circular pelo local irrita os passageiros. A empregada doméstica Ângela Soares, 31, reclama da presença dos vendedores ilegais, apesar de reconhecer que ali estão por necessidade financeira. Ela acredita que o ideal seria que os terminais possuíssem espaços de comércio em anexo aos locais de transbordo de passageiros.
“Entendo que eles estejam trabalhando para ganhar o pão de cada dia, mas não dá para prejudicar as pessoas que precisam usar o terminal. Dependemos dele para chegar ao Centro e outras partes, e já nos basta a humilhação de um transporte de péssima qualidade.”, queixa-se.
A mesma opinião é comungada pelo estudante Vinícius Silva, que mora na divisa da capital com Senador Canedo e utiliza diariamente o Terminal Novo Mundo. “A plataforma mal cabe quem espera o ônibus, e com os ambulantes, a sensação de estar em um inferno é rotineira. Roubos acabam acontecendo sem que a pessoa assaltada perceba. Dizem que há fiscalização, mas nunca vi um fiscal por aqui”.
Ambulantes
Lúcia (nome fictício) vende “geladinho” – tradicional refresco congelado e servido em saco plástico – há três anos e fatura cerca de R$ 200 diários. Perguntada pela reportagem o que faria caso fosse obrigada a sair do local, foi enfática. “Vou passar fome, pois tenho estudo e são as vendas dos produtos que pagam as contas de casa e põem a comida na mesa. No fundo, querem fazer um terrorismo com a gente, mas acho que não vai dar em nada”, diz.
Um vendedor de água, que pediu para não ser identificado, alega que a chamada “rapa” – a fiscalização – foi intensificada nas últimas semanas. No entanto ele diz que o comunicado da Metrobus determinando o fim do comércio ambulante foi retirado do terminal e o assunto foi esquecido. “Acredito que fizeram isso por causa das eleições. Falam em proibição há algum tempo, mas basta chegar na época de pedir voto que o assunto esfria. Não quero nada de político algum, apenas o direito de trabalhar em paz”, resigna.
Jogo de empurra
A Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação de Goiânia (Seplanh) informa que embora sejam áreas públicas, toda a extensão do Eixo Anhanguera é de responsabilidade da Metrobus, competindo à empresa administrar os espaços. No entanto, a Seplanh garante que promove atuações constantes mediante solicitação da empresa estatal de transporte coletivo.
Por sua vez, a Metrobus alega não ter poder de coibir o comércio ilegal, por ser um procedimento alheio à natureza da organização. A empresa ressalta que os ambulantes prejudicam os permissionários – em função da concorrência desleal – e são prejudiciais até mesmo para a segurança dos locais, além de interferirem no direito de ir e vir dos passageiros.