Mais jovens dão fôlego ao mercado imobiliário
Incorporadoras ajustam projetos às necessidades de público alvo e verticalizam capital
Deivid Sousa
O momento econômico ruim que o Brasil passa fez cair fortemente a procura por imóveis. Para se ter ideia dos reflexos da instabilidade no mercado, a queda no volume de financiamentos ficou em 33% em 2015.
Mas uma faixa etária específica mantém o fôlego e oxigena os negócios. O último levantamento da Caixa Econômica Federal (CEF), realizado em novembro de 2014, apurou que os consumidores com até 35 anos representavam 44% dos mutuários. Dentro deste público, os casais que adquirem o primeiro imóvel, antes da troca de alianças têm grande representatividade. Diferente do passado, quando era mais comum dar um “jeitinho” e fazer um “puxadinho” no lote dos pais até as condições financeiras melhorarem, os noivos preferem assumir um financiamento imobiliário.
O taxista Atílio Ferreira, 30, e a professora Larissa Laisa, 28, protagonizam essa tendência. Eles adquiriram um apartamento no Bairro Ipiranga na Região Norte de Goiânia. A escolha do imóvel está intimamente ligada ao romance dos dois. O pedido de casamento foi feito em grande estilo, com uma faixa pendurada na fachada do prédio.
“Mesmo com os juros mais altos, preferimos comprar o apartamento porque se fossemos partir para o aluguel não teríamos retorno. O aluguel é algo que você paga e não tem retorno nenhum, o imóvel não é seu”, enfatiza.
Estratégia
Para atender a esta público, as construtoras têm estudado bastante as necessidades do mesmo. Geralmente os produtos são apartamentos com dois quartos, sendo um suíte ou a opção três quartos também com suíte, mas neste caso o quarto terceiro quarto costuma ser menor para poder servir de escritório. As construtoras também não deixam faltar nos projetos espaços para atividade física como academia e quadra de esportes, além de play ground.
“O mais importante é que esse público busca essa independência. Eles estão dando o passo final para a fase adulta. Querem constituir a própria família, começar a construir a vida e precisam do primeiro imóvel. As incorporadoras prepararam produtos que privilegiam a localização, pois este público preza muito a localização e também as condições de pagamento”, avalia o diretor de atendimento e marketing da URBS-RT Lançamentos Imobiliários, Ricardo Teixeira.
Muitos bairros que tinham a horizontalidade como característica receberam muitos prédios porque o público, de acordo com Teixeira, teve interesse em adquirir o imóvel no mesmo local onde foi criado, próximo à família. Setores como Vila Jaraguá, Coimbra, Vila São Tomaz e Bairro Imperial mudaram a característica. “Claro que isso traz muitas vezes um problema de mobilidade, mas quando tem o empreendimento, o comércio se desenvolve na região porque cria uma massa crítica. Abre um empório, uma padaria e você vai criando uma zona central de comércio”, argumenta Teixeira.