Fim da era Márcio
Após quase dez anos e várias conquistas, goleiro e ídolo do clube deixa o Atlético
Felipe Bonfim
O torcedor do Atlético terá que se acostumar a ver outros nomes defendendo a meta rubro-negra. Em mais de nove anos, Márcio foi dono absoluto da posição, conquistou títulos – quatro Estaduais e o Campeonato Braseiro da Série C –, levou o clube à primeira divisão e também sofreu com derrotas e decepções. A história do capitão campineiro, contudo, chegou ao fim ontem.
O adeus foi comunicado de forma oficial pela manhã e, ao lado do diretor de futebol, Adson Batista, Márcio se emocionou. Afinal, foram 532 jogos com a camisa atleticana e 37 gols marcados. Em suas primeiras palavras de despedida, o camisa 1 rubro-negro exaltou não os feitos em campo, mas os relacionamentos que construiu fora dele através do futebol.
“Tudo na vida tem começo, meio e fim. Nesses quase dez anos de clube, não consigo sequer enumerar as coisas positivas. Aqui me tornei não um jogador de muita capacidade, me tornei um homem. Aprendi a conviver com diferenças e tenho muito a agradecer a esse clube e as pessoas que aqui estão. Eles me fizeram me tornar um pai dedicado, um bom marido, um bom amigo e esses valores a gente leva para o resto da vida”, disse.
O goleiro, de 35 anos, revelou que não estava mais feliz no Dragão e, temendo se tornar um peso negativo na campanha na luta por uma vaga na Série A, decidiu que seria melhor tomar outro caminho na carreira profissional.
“Eu expliquei que meu coração não estava mais feliz. O Atlético é maior que qualquer um que aqui está, então, não quis atrapalhar o caminho que se desenha. Sempre me coloquei à disposição para ajudar e, às vezes, você ajuda muito quando não atrapalha. Não quero atrapalhar ninguém. De tempos em tempos precisamos mudar”, afirmou.
Márcio também se dirigiu aos torcedores rubro-negros. O ídolo atleticano reconhece que não conseguiu deixar toda a torcida satisfeita durante a sua carreira e também com a decisão final que dá fim à sua história no clube, mas exalta aqueles que, segundo ele, sempre ajudaram a fazer do Dragão algo maior.
“Quero agradecer ao torcedor do Atlético. É um torcedor exigente, inteligente e sabe o que quer. A torcida nos ajudou muito em nossa trajetória. É muito difícil agradá-los, mas a grande maioria é feliz hoje em torcer por esse clube e pelo que ele se tornou. Não consegui agradar a todos e nunca tive essa pretensão”, concluiu.
Destino de goleiro Márcio deve ser Goiás
A saída do goleiro Márcio do Atlético divide opiniões entre os torcedores rubro-negros. Não só o capitão deixa o clube campineiro antes do fim de seu contrato – o vínculo se encerrava em dezembro –, como o destino pode ser o maior rival, Goiás. Apesar de revelar que tem proposta do exterior, o camisa 1 não nega que pode vestir a camisa esmeraldina nos últimos anos de sua carreira.
“Eu não estou acertado com o Goiás. Eu não faria isso com o Adson, pois tenho muito respeito por ele. Falaram que tivemos problemas. Temos desgaste natural do dia-a-dia. São dez anos de convivência e nunca houve uma briga. Em relação ao interesse, eu sou um profissional. Tenho proposta de fora. Eu vou sair e vou para outro lugar. Se for o Goiás, tenho que ir e fazer o meu melhor, sem pensar no Atlético. Tenho que seguir uma nova vida. Meu futuro não está definido”, garantiu.
O diretor de futebol, Adson Batista, assegura que não existirá mágoa com o goleiro caso ele decida realmente defender as cores alviverdes. De acordo com o dirigente, o mais importante é que os atletas que compõem o elenco rubro-negro sigam focados no objetivo.
“A questão é que queremos os profissionais totalmente envolvidos com os objetivos do clube e feliz por estar aqui. Não quero saber se ele vai para o Barcelona, para o Real Madrid, para o Goiás, para onde seja. Quero saber se ele estará envolvido. O Atlético precisa ter humildade e todos jogadores precisam jogar no limite. Não quero ninguém infeliz e, principalmente, um atleta que é líder”, declarou.