Com cerol, a brincadeira não tem graça
Pedestres e motociclistas são mais passíveis em sofrer cortes ocasionados pelo uso do tipo de linha, cujo corte é nocivo

Milleny Cordeiro
Soltar pipa é uma brincadeira muito antiga e bem comum entre as crianças. Obviamente a temporada de férias já está no fim, mas é nesse período em que o número de pipas aumenta no céu e se vê mais meninos e meninas correndo com elas pelas ruas. No entanto, o que deveria ser uma brincadeira inofensiva pode se transformar num acidente mortal, isso porque se utiliza muito as linhas com cerol.
Inúmeros são os casos de mortes ocasionados pelo uso desse tipo de linha, cujo corte é nocivo. Nariz e pescoço são as partes do corpo que mais são feridas; os motociclistas e pedestres são os mais passíveis de sofrer os cortes. Além do cerol, outro tipo de linha tem sido utilizada por crianças e jovens, trata-se da linha chilena, feita de cola de madeira e óxido de alumínio, com poder de corte até quatro vezes maior que a linha de cerol.
Apesar do uso tradicional do cerol, em sete anos, 2016 foi o mais tranqüilo em relação às ocorrências de uso e comercialização da linha, além de feridos e mortes. A informação é do Presidente da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Elton Ribeiro de Magalhães. Segundo ele, a GCM registrou a ocorrência de apenas uma pessoa ferida pela linha de cerol. “Pode ser que existam mais casos, mas o que chegou aos nossos registros foi isso”, diz.
Pipa sem Cerol
Do ano passado até hoje, houve um contraste muito grande nas ocorrências de crianças e jovens utilizando o material nocivo. Em 2015 foram 500 registros, enquanto que este ano a Guarda Civil contabilizou 89 casos. Essa queda, segundo Magalhães, deve-se ao trabalho preventivo que a GCM vem realizando com os jovens nas escolas por meio da Campanha Pipa sem Cerol.
Geralmente a campanha começa em julho, no entanto, com o objetivo de intensificar as ações nas escolas antes das férias, a Guarda Civil antecipou os trabalhos para o dia 15 de junho. Dessa forma, foi possível realizar palestras e oficinas com crianças e jovens em escolas de diversas regiões da capital. Em conversas dinâmicas e com a presença de personagens caracterizados, os guardas levam aos pequenos a prevenção e conscientização de forma lúdica.
Em parceria firmada com o Grupo Pipeiros de Goiânia, a Guarda Civil não só promove palestras no âmbito escolar, como também em parques de Goiânia. Assim, crianças e adultos são orientados sobre o risco do cerol e aprendem a fazer suas pipas de maneira responsável e divertida.
Lei e prevenção
A Lei Municipal 8.832/2009 prevê a proibição do uso e comercialização do cerol e a aplicação de multa de R$ 200 ao usuário ou ao responsável no caso de menor. O comerciante que for pego vendendo o material pode pagar multa de até R$1.500. A pessoa pode ainda responder criminalmente, caso haja mortes ou feridos.
Apesar das medidas punitivas, Magalhães ressalta que o principal foco da campanha é a prevenção. “Não é nosso objetivo prender as pessoas e nem tirar dinheiro de alguém, queremos levar a conscientização e educar para a prática saudável da brincadeira”, afirma. A Campanha Pipa sem Cerol realiza atividades até amanhã (02).