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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
CELEBRAÇÃO

‘Nevermind’: Quando Nirvana mudou o rock

Há 25 anos, a banda apresentou ao grande público o rock alternativo

Postado em 8 de outubro de 2016 por Toni Nascimento
‘Nevermind’: Quando  Nirvana mudou o rock
Há 25 anos


Toni Nascimento 
Em 1991, a banda Pearl Jam lança o seu primeiro disco, Ten, com três singles de sucesso. No mesmo ano, dois nomes de peso da música morrem: Freddie Mercury – em decorrência da Aids no dia 24 de novembro – e o brasileiro Gonzaguinha, quase sete meses antes, em um acidente na BR-280, no Paraná. Ainda em 1991, o rei do pop, Michael Jackson, lança seu disco mais vendido, Dangerous.  

Com tantas marcas na música que destacam um começo de década e o fim de um século promissor, chega aos poucos um homem com os cabelos até o ombro, loiro, com um cigarro na boca e descendências escocesa, irlandesa, francesa, inglesa e alemã. Sangue herdado da garçonete Wendy Elizabeth Fradenburg, sua mãe, e do mecânico automotivo Donald Leland Cobain, seu pai. Kurt Cobain chegou aos poucos, em 1991, mas, quando mostrou Nevermind ao mundo, mudou a história do rock. 

Nevermind foi o segundo disco da banda Nirvana, lançado dois anos depois do primeiro, Bleach. Com uma expectativa da gravadora de vender 250 mil, o álbum surpreendeu ao alcançar a marca de 30 milhões de cópias vendidas em uma época onde a realidade misturava esperança – com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e da Guerra Fria –  e morte, com o início da Guerra do Golfo em Bagdá, no Iraque.

Nevermind

O álbum foi lançado no dia 24 de setembro de 1991, 25 anos atrás, e se tornou um dos maiores sucessos da década de 1990 e do rock. O produtor musical e audiovisual Ricardo Darin, 37, reconhece a relevância do disco. “O disco Nevermind é considerado por muitos, inclusive por mim, uma obra prima da indústria fonográfica. Produzido por Butch Vig e mixado por Andy Wallace, dois mitos do áudio, o disco vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo todo”, afirma Ricardo.

A rebeldia da banda e do disco ia contra a forma de ser e de se organizar das pessoas, na época, sendo preciso quebrar tabus e questões relevantes e importantes para a idade e para a sociedade como dilemas familiares e de convívio social. O álbum veio em um momento quando o jovem se sentia oprimido pela sociedade, onde ele não conseguia se expressar, e encontrou na música grunge a compreensão e a expressão de que precisava.

Apesar do palco desta transformação do rock ser nos Estados Unidos da América, ela abraçou o mundo todo e também alcançou o Brasil. Cezar Milhomem de Paiva, 34, hoje mora em Atlanta, nos EUA, mas em 1991 morava em Goiânia e ganhou o disco Nevermind quando ainda era criança. Ele conta que escutava o disco repetidamente, sem parar. “Naquela época, só ouvia rock, pop, alternativo, então aquela música marcou minha infância; ouvia todos os dias. Até hoje, quando escuto alguma música deles, volto àquela época. Marcou muito minha infância e começo de adolescência”, confidencia Cezar. 

Amigo de Cézar na época, José Ronaldo Júnior, 34, gerente de uma empresa Goiana, também viveu na época e é fã do disco. “O Nirvana, por ser um som diferenciado das outras banda de rock, chamava muita atenção da adolescência dos anos 90, e naquela época nós que gostávamos de rock, chamávamos bastante atenção, em especial os vídeos-clipe que passavam na MTV, uma música gritada, meio punk-rock, dava um fôlego especial para a juventude”, conta José. 


Influência 

Depois de 1991, o rock alternativo ficou pop e saiu do nicho específico para tocar nos rádios e na TV, – temos a MTV para provar. Ricardo nos lembra que várias bandas começaram a fazer sucesso na mesma época e também fizeram clássicos álbuns de rock, como Pearl Jam com o álbum Ten; Red Hot Chilli Peppers com o álbum Blood Sugar Sex Magic e Alice in Chains com o Facelift. 

Há quem diga que, depois dos anos 2000, o rock não foi mais o mesmo, mas Ricardo não concorda com essa ideia. “Com certeza, tivemos grandes álbuns de grandes bandas que surgiram nos anos 2000, tais como Hybrid Theory, do Linking Park, ou Toxicity do System of a Down. Talvez eles não tivessem vendido tanto, pois a indústria fonográfica se encontrava em um período de crise, mas, com certeza, grandes álbuns foram lançados neste período”, afirma.
Mas o que realmente importa é que a banda realmente conseguiu alcançar grande parte da juventude da época e continua a ser relevante até para os jovens de hoje. Nevermind continua sendo atual mesmo 25 anos depois de lançado. 

Danilo Xidan  é publicitário e também ganha a vida com a música. O seu grupo, a Banda Sã, faz cover do Nirvana. Apesar de ele ter 27 anos, tendo apenas 2 anos de idade quando Nevermind foi lançado, ele é fã de carteirinha. “Um álbum de 12 faixas ótimas, que estão dispostas em uma ordem pensada como obra. Produção profissional e adequada ao mercado da época. Letras fortes e de vários sentidos (muitas sem sentido nenhum) com melodias grudentas e berros de dor real. Kurt se preocupava com cada aspecto da sua arte, som às capas e videoclipes. Estamos falando em comemoração a esse grande álbum. Ele não mudou o rock. Ele muda todo dia. Eterno”, expressa Danilo. 

Danilo ressalta como a banda consegue ser relevante ainda hoje. “É só reparar nas camisetas, nas tatuagens, nas ruas. É a molecada sempre. Passa geração, os adolescentes que conhecem rock passam inevitavelmente pelo Nirvana. Muitos se apaixonam e se viciam como uma droga boa. Alguns podem não gostar, mas não são indiferentes. Kurt levantou vários anseios dele e da juventude humana. A rebeldia, a aversão à mentalidade dos pais, a atitude punk”, finaliza. 

O grunge

O grunge, um dos braços da música alternativa, surgiu no fim da década de 1980 e, como a Queda do Muro de Berlim, foi construindo significados e símbolos fortes com o tempo. Sempre expressando sentimentos que às vezes fazemos questão de guardar no porão do nosso subconsciente. Ela satiriza, grita, inova e não tem vergonha de ser aquilo que é: profunda e impulsiva. Talvez por isso ela se mantinha em um nicho, e nunca nas ruas, junto ao grande público. 

O nome do movimento musical já mostra o quanto underground ele pode ser. Grunge nasceu de uma versão alternativa da pronúncia de grungy, que significa “sujo”. Não literalmente sujos – apesar dos clipes e shows darem sempre uma impressão borrada e indefinida remetendo a confusão e caos –, mas sim uma descrição muito mais subjetiva daquilo que era dito, passado e compartilhado nas músicas. 

Já no começo da década de 1990, o disco Nevermind, apesar de seguir todos os pré-requisitos de um álbum puramente alternativo, inclusive nascer de uma banda de Seattle, ultrapassa as tabernas apertadas de jovens subversivos e consegue alcançar um público muito maior do que qualquer previsão. Ricardo destaca a importância que Kurt Cobain e sua equipe tiveram para tornar o rock alternativo, principalmente o grunge, reconhecidos pelo povo. 

“No fim dos anos 80 para início dos anos 90, o rock passava por uma transformação, e o Nirvana, juntamente com outras diversas bandas de Seattle, foram responsáveis por trazer uma vertente do rock pouco conhecida até então, o rock grunge, estilo que logo se tornou bastante popular para o grande público”, pontua Darin. 

Além do comportamento, o estilo grunge também ditou tendências na forma de se vestir. Não é necessário procurar muito, mas, se achar três fotos da banda, notará fácil um padrão visual. A regra que raramente era quebrada priorizava o xadrez, o tênis e a calça rasgada. Era a forma como os jovens grunges se vestiam. Além do comportamento, o movimento musical fez moda. 

‘Bebê do Nirvana’ vive de pintar quadros e plantar tomates

Não há quem não conheça o bebê submerso atrás de uma nota de dinheiro da capa de Nevermind, do Nirvana. É uma das três capas de disco mais famosas de todos os tempos, ao lado da Abbey Road, dos Beatles, atravessando a rua, e do prisma de The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Spencer Elden, que tinha quatro meses na época e seus pais ganharam míseros 200 dólares pela foto, tem hoje 25 anos e parece meio decepcionado com a vida. 

Elden concedeu entrevista recente afirmando que é artista plástico e gráfico, que queria ter faturado mais com a famosa foto, já que o disco vendeu estimadas 30 milhões de cópias e que segue batalhando com suas criações, só que ainda mora com a mãe, dirige um Honda Civic – o que aparentemente não é nada cool nos Estados Unidos – e planta tomates para fazer um extra.

Mas ele ainda tira um proveito da ‘carreira’ com Nirvana. Caso contrário não teria tatuado ‘Nevermind’ no peito e sua arte se distanciaria mais do trabalho da banda mais famosa dos últimos 25 anos. E não teria repetido a icônica imagem no mês passado. 

A sessão de fotos de Elden para a capa do disco, feita em 1991 pelo fotógrafo Kirk Weddle, durou apenas 15 segundos. Um gancho de peixe com uma nota de um dólar foi adicionado digitalmente à imagem mais tarde. Para repetir a imagem, Spencer Elden ganhou outros 200 contos do fotógrafo John Chapple, e pulou em uma piscina olímpica, no The Rose Center Bacia de Aquatics, em Pasadena. “Eu disse para o fotógrafo ‘vamos fazer nu’, mas ele pensou que ficaria estranho, então eu usei uma bermuda”, disse Elden ao jornal The New York Post. 

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