Goiânia Mostra Curtas discute o cinema negro brasileiro
O desmanche do estereótipo da pessoa negra na tela e atrás das telas é um dos principais objetivos de luta do movimento negro no cinema
Para Janaína Oliveira, o fato de a temática racial estar inserida no cinema trata-se de um desdobramento de uma discussão história levantada pelo Movimento Negro. Janaína é idealizadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro (Ficine) e está entre as convidadas para o debate sobre o Cinema Negro Brasileiro no 16º Goiânia Mostra Curtas. Além do debate, neste sábado (8), o público confere produções que trabalham com as mudanças sociais como impulsionadoras do surgimento de uma nova geração de cineastas. Uma geração que preze pela diferença, e não pelo que é hegemônico.
O debate conta, ainda, com a presença de Clementino Júnior que, além de docente em audiovisual, é diretor do Cineclube Atlântico Negro no Rio de Janeiro. A ex-secretária municipal de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Ana Rita de Castro, também é uma das convidadas, além do cineasta premiado internacionalmente Jefferson Dê e da cineasta, diretora e fundadora da Afroflix, de apenas 24 anos, Yasmin Thayná. A última exibe Kbela, produção que dirigiu em 2015. Já a Curta Mostra Especial – Cinema Negro Brasil Contemporâneo exibe 12 filmes e homenageia Zózimo Bulbul, expoente da cinematografia afro-brasileira; Adelia Sampaio, primeira realizadora negra brasileira em longa-metragem, e as atrizes Ruth de Souza e Chica Xavier, intituladas Damas Negras.
O desmanche do estereótipo da pessoa negra na tela e atrás das telas é um dos principais objetivos de luta do movimento negro no cinema – é o que considera Janaína Oliveira. Como idealizadora do Ficine, Janaína conta que foi necessário criar o fórum para que funcionasse como uma rede de produções cinematográficas com temáticas e iniciativas negras. “Por muito tempo, as produções com iniciativas negras ficaram invisibilizadas, então,o fórum aparece como forma de colaborar para a visibilidade dessa temática no cinema”, explica.
Janaína vê como positivo o florescimento de iniciativas, mas ressalta que isso vem acontecendo devido a uma briga histórica para que os estereótipos do negro e da negra nas telas não existissem mais. “As pessoas negras podem fazer qualquer papel, porque nós já fazemos de tudo na sociedade”, destaca.
SERVIÇO
Curta Mostra Especial – Cinema Negro Brasil Contemporâneo (Goiânia Mostra Curtas)
Quando: Sábado (8) a partir das 14h
Onde: Teatro Goiânia / Entrada gratuita