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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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LEITURA

Porque ler não é só coisa de gente grande

No mês das crianças, o ‘Essência’ faz um levantamento
da literatura infantil goiana
e brasileira

Postado em 15 de outubro de 2016 por Redação
Porque ler não é só coisa de gente grande
No mês das crianças

Elisama Ximenes

Quando se aprende a juntar as primeiras letras e, depois, algumas sílabas, a mágica de entender o que quer dizer um conjunto de símbolos em uma folha de papel torna-se algo tão comum que não há como desaprender. É como andar de bicicleta. A primeira vez em que se consegue equilibrar em cima da sela com as mãos apoiadas no guidão é tão lembrada como a primeira vez em que, lendo sílaba por sílaba, se consegue entender uma palavra escrita. Ambas as conquistas ficam para a vida e, em casas um pouco mais privilegiadas que em outras, essa descoberta da letra e do equilíbrio sobre duas rodas se dá ainda na infância.

A estudante de Jornalismo Lethicya Dias apaixonou-se pela leitura logo que foi alfabetizada– por volta dos 6 ou 7 anos. Na época, ela lia contos de fadas e literatura infantil brasileira. O livro que mais a marcou quando era criança foi  O Fantástico Mundo de Feiurinha, de Pedra Bandeira. Hoje, com 19 anos, ela considera que não ter parado de ler livros desde a alfabetização fez toda a diferença em sua vida. “Meus pais sempre me incentivaram. Quando eu não tinha um livro, lia um gibi da Turma da Mônica e, com isso, ler tornou-se minha maior paixão”, conta. Para Le­thicya, a leitura lhe proporciona diversão e conhecimento. Na vida adulta, a estudante de Jornalismo investe na escrita, alimentando um blog com resenhas do que lê.

A goiana Izaura Franco foi mais além. Apaixonada por leitura desde pequena, hoje ela escreve livros de literatura infantil. Assim como Lethicya, ela lê desde a alfabetização. Mas o processo de aprender a ler deu-se antes da entrada na escola. A própria mãe a alfabetizou. Quando era pequena, apesar de considerar que não tinham tantas opções de leituras para crianças, gostava da literatura infantil. “Lia Monteiro Lobato, Lygia Fagundes Telles e outros”, conta. 

A escrita entrou na vida de Izaura já depois dos 30 anos de idade. Assim como a leitura da infância, ela escreve para crianças. “Eu gosto de escrever histórias que tenham mensagens de superação, que estimulem algum tipo de solução e gosto de trabalhar com a temática do respeito às diferenças”, relata. Izaura conta que sempre que está desenrolando as narrativas imagina que há uma criança escutando. Quando perguntada sobre como escolheu a literatura como ofício, ela é categórica e poética: “Fui escolhida pela literatura”.

Gibis

O hábito de ler, para muitas pessoas, começou com os gibis recheados de histórias em quadrinhos. No Brasil, são poucas as crianças que nunca tiveram acesso aos gibis da Turma da Mônica. Com a primeira revista lançada em 1970, a série conta a história de Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão e foi criada por Mauricio de Sousa, que é cartunista e empresário brasileiro. Mauricio criou diversos outros personagens e franquias a partir de sua primeira criação, o cachorrinho Bidu. Além dos já citados, Mauricio de Sousa é o responsável pela criação do roceiro Chico Bento e do tiranossauro Horácio.

Nascido em Santa Isabel, São Paulo, o cartunista é filho do poeta Antônio Mauricio de Sousa e da poetisa Petronilha Araújo de Sousa. Antes de partir para a contação de histórias em quadrados, com falas escritas dentro de balões, Mauricio ilustrava pôsteres e cartazes para os comerciantes da região. Também chegou a atuar como repórter e ilustrador no jornal Folha da Manhã. A carreira como cartunista começou após a criação de Bidu. Mauricio ilustrava e escrevia uma série de tiras do Bidu e Franjinha, publicadas semanalmente na Folha da Manhã. A partir daí, foi convidado para publicar em editoras até que, hoje, publica na Editora Panini. 

Não dá para falar em quadrinhos no Brasil sem mencionar O Menino Maluquinho, de Ziraldo. A série conta a história de uma criança que explora a imaginação e, por isso, é considerada maluquinha. A panela usada como chapéu na cabeça é a principal caracteristica do personagem. A carreira de Ziraldo começou nos anos 50, quando publicava em jornais de todo o País. O cartunista também é pintor, cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor. O sucesso chegou já nos anos 60 com a revista A Turma do Pererê. Também é conhecido por ter fundado O Pasquim na época da ditadura militar no Brasil com outros humoristas.

Clássicos da literatura Infantil

1. Manoel de Barros
Conhecido pelo dom de saber brincar com as palavras, Manoel de Barros escreveu coisas para gente de todas as idades. Entre suas obras, a que se destaca como literatura infantil é Poeminha em Língua de Brincar. No livro, as poesias do matogrossense sincronizam-se com as ilustrações de sua filha Martha Barros.

2. Lygia Fagundes Telles
Ocupante da cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Letras, como boa contadora de histórias, Lygia Fagundes Telles explora sem medo o período da infância em suas narrativas. Na sua obra mais conhecida, Negra Jogada Amarela, as personagens, durante a infância, criam metáforas sobre os jogos da vida. 

3. Adélia Prado
Quando Eu Era Pequena e Carmela Vai à Escola são as duas principais obras voltadas para o público infantil de Adélia Prado. Na primeira, ela narra a história da menina Carmela em uma cidade pequena. A segunda obra traz a personagem de Carmela de volta, mas com a escola como cenário.

4. João Ubaldo Ribeiro
O romancista, cronista, jornalista, tradutor e professor João Ubaldo Ribeiro ocupa a cadeira nº 34 da Academia Brasileira de Letras. Dez Bons Conselhos de Meu Pai é um bom exemplo de livro infantil escrito pelo autor. “Não seja amargo”, “não seja burro” e “nunca seja medroso” são alguns dos conselhos que recebeu, e transcreve na obra.

5. Clarice Lispector
O Mistério do Coelho Pensante, ilustrado por Flor Opazo, é o principal livro de literatura infantil da escritora consagrada Clarice Lispector. A história, aqui, é de Joãozinho, um coelho que foge da gaiola em busca de comida. 

Clássicos 

6. Érico Veríssimo
Com ilustrações de Eva Furnari, Érico Veríssimo marca território na literatura infantil com a obra As Aventuras do Avião Vermelho. O personagem Fernando, preocupado com a desobediência do filho, lhe dá um livro de presente.

7. Mário de Andrade
Publicado pela extinta Cosac Naif, Será o Benedito é a principal obra de literatura infantil escrita por Mário de Andrade para crianças. No livro, ele narra sobre a construção da amizade entre um homem vindo da cidade grande e um menino de 13 anos que vive no interior.

8. Jorge Amado
Com a fábula O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, Jorge Amado escreveu para o público infantil. O conto mostra o amor impossível entre um gato mau humorado e uma andorinha. A história foi escrita devido ao aniversário de um ano de um dos filhos.

9. Paulo Leminski
Paulo Leminski, conhecido por suas poesias, é o autor de O Bicho Alfabeto. Diferente de suas obras mais conhecidas, essa é voltada para os pequenos e é organizado nas 26 patas do bicho alfabeto. As poesias foram selecionadas do seu livro Toda Poesia.

10. Carlos Drummond de Andrade
Há quem já leu algumas de suas obras infantis na escola inclusive. Entre elas estão Rick e a Girafa, Poesia Faz Pensar e Crônicas 1. No primeiro, Drummond conta a história de Rick, que sonha viajar no lombo de uma girafa. 

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