Quedas de vendas influenciam contratação de temporários
Comerciantes têm baixo interesse em novos funcionários para o fim de ano
Milleny Cordeiro
Geralmente, neste período do ano, os comércios atacadista e varejista começam a registrar um acréscimo significativo de serviços devido às comemorações de dezembro. Para que os comerciantes dêem conta do recado, o quadro de funcionários é renovado com a contratação de trabalhadores temporários, a qual é limitada a três meses, podendo superar esse prazo após autorização do Ministério do Trabalho e Emprego.
No entanto, a expectativa compartilhada por comerciantes da capital em relação às vendas para o fim de ano não é muito animadora, pelos menos é o que garantem vendedores da região da 44, considerada o maior pólo de vendas do comércio atacadista de roupas de Goiânia. É “crise” de lá, “crise” de cá, justificativa já conhecida pelos lojistas. O momento econômico atual realmente não está sendo fácil para os trabalhadores brasileiros, situação que tem refletido na geração de empregos.
“As vendas caíram demais, tá muito ruim isso aqui”, afirma a vendedora que prefere não se identificar. Ela ainda completa: “se já está difícil para nós, contratados fixos, receber o salário em dia dos patrões, imagina para quem está à procura de um emprego temporário. Eles não estão contratando não”. Além do momento econômico crítico, a trabalhadora justifica as baixas vendas devido a presença dos ambulantes e da Feira Hippie.
Essa realidade é bem ilustrada pela experiência da Josiane Martins dos Reis, gerente há quase dois anos da loja de roupas Pimenta Rosa. Segundo ela, no mesmo período de 2015, duas pessoas foram contratadas como trabalhadores temporários para atender às demandas de fim de ano; no momento, pelo contrário, não existe nem expectativa de contratação. “Olha, o movimento na loja caiu demais esse ano, posso afirmar que baixou em 90%”, diz a gerente.
Hoje, a loja possui só duas funcionárias. Bianca Alvarenga Pereira, 19, é uma delas e está no cargo há dois anos. Apesar da atmosfera desanimadora que se instaurou sobre os vendedores, ela se mantém confiante e lança todas as apostas nas vendas. “O pessoal tá comprando pouco por causa dessa crise, né?, mas espero que melhore”, afirma.
Consumo
E a tendência é que essa diminuição nas vendas continue. De acordo com a pesquisa de Intenção do Consumo das Famílias, realizada pela Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio – GO) e divulgada no último dia 11, os consumidores se mostraram menos propícios às compras no mês de setembro. Em relação ao mês de agosto, a queda foi de 2,6% e em relação a setembro do ano passado, foi de 6,8%.
A pesquisa ainda garante dados que provam uma tendência de queda dos índices desde abril. As conclusões apontam para uma insatisfação com a economia por parte dos consumidores, o que deve continuar provocando um baixo consumo em relação a 2015. Essa é a expectativa para os próximos meses, segundo a pesquisa.