Música acalma até os animais
Pesquisadoras apontam, em estudo, como a música pode ser aliada no tratamento de câncer em cães
A música produz diversos efeitos emocionais e sensoriais nos humanos. Em alguns casos, pode ser tranquilizante. O efeito, entretanto, não é exclusivo dos bípedes com polegar: a terapia com música, chamada de musicoterapia, pode ser um instrumento eficaz para tranquilizar os cães. Larissa Tuany, Thatiane Abreu, Isis de Carvalho, Adriana Silvestre e Vilma Oliveira defendem, em trabalho publicado no Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpeex) de 2010, que a musicoterapia pode agir, inclusive, na reintegração social de cães em tratamento quimioterápico.
No trabalho publicado, elas defendem, com base nas ideias de D. Stein, que se o câncer for curado fisicamente, mas não mentalmente ou emocionalmente, ele pode reaparecer ou transformar-se em uma nova doença. “Se um animal, que tem uma boa saúde física ficar estressado, raivoso, depressivo ou traumatizado, as emoções podem fluir pelo corpo e se transformarem em doença física”, explicam no artigo. M. Follain, outro teórico mencionado pelas estudiosas, explica que a música harmônica pode provocar oito efeitos em animais, dentre eles: “antineurótico, antidistônico, antiestresse, sonífero e tranquilizante, regulador psicossomático, analgésico e/ou anestésico, equilibrador do sistema cardiocirculatório e equilibrador do metabolismo profundo”.
A música pode ser antineurótica, como o nome já diz, quando age na cura de neuroses. Antidistônico é um efeito sedativo que age sobre o sistema nervoso simpático. Ela ainda pode ser reguladora psicossomática justamente porque previne que desestabilizações mentais ou emocionais transbordem em efeitos físicos, como o aparecimento de doenças. De acordo com as postulações feitas no artigo, a musicoterapia durante o tratamento quimioterápico em cães visa a propiciar “melhores condições de bem-estar durante os procedimentos oncológicos, reduzindo estresse, depressão, agitação e agressividade dos animais, tornando o procedimento menos invasivo”.
A desestabilização emocional que, por vezes, era resolvida com mais remédios em cães em tratamento de câncer, pode, então, ser resolvida com a música harmônica – o que traz benefícios tanto para a saúde canina quanto para o bolso dos donos. As estudiosas explicam, ainda, que a música tem essa propriedade relaxante por ser rítmica e contínua. Dessa maneira, a música clássica e erudita entra como a mais adequada para o procedimento. A sua presença durante o atendimento do veterinário facilita, inclusive, o trabalho do profissional da saúde animal. Na pesquisa, realizada com seis animais, elas avaliam: “Todos demonstraram uma considerável alteração no comportamento diante a musicoterapia, tornando-se mais acessíveis durante o protocolo”.
Além disso, alguns dos animais demonstraram tanta tranquilidade que chegaram a adormecer. Durante o estudo, as pesquisadoras inseriram, também, canções de ninar com batimentos cardíacos. Elas obtiveram resultados positivos em todos os animais com quem realizaram os testes práticos. Segundo elas, os próprios donos dos bichos de estimação perceberam e se sentiram mais tranquilos ao verem seus animais mais calmos durante as sessões de quimioterapia.