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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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MUSICAL

‘Nada Será como Antes, O Musical’ é apresentado neste sábado

Canções de Milton Nascimento dão o tom do espetáculo, que será encenado gratuitamente na Praça Cívica amanhã (18)

Postado em 18 de novembro de 2016 por Redação
‘Nada Será como Antes
Canções de Milton Nascimento dão o tom do espetáculo

Júnior Bueno

Milton Nascimento é um dos grandes cronistas da história recente do Brasil. Em 1984, quando os comícios pelas Diretas Já ganharam as ruas do País pedindo pelo direito da população escolher seus representantes, a canção Coração de Estudante foi um dos hinos mais entoados. Com melodia de Vagner Tiso, Milton Nascimento fez a letra da canção, baseado na lembrança do enterro do estudante Edson Luís, morto pela polícia em 1968. O titulo da música foi tirada de uma flor muito comum em Minas Gerais, chamada de “coração de estudante”. 

Curiosamente, na semana em que um estudante é morto em Goiânia, pelo próprio pai – que não concordava com as inclinações ideológicas do filho, favorável às ocupações estudantis –, a música poderá ser ouvida, novamente, na Praça Cívica, onde ocorreu um dos primeiros comícios das Diretas Já. O espetáculo Nada Será como Antes, O Musical  terá apresentação gratuita, no dia 19 de novembro (sábado), às 20h. Dirigido por Charles Möeller & Claudio Botelho, o espetáculo presta uma homenagem aos 50 anos de carreira de Milton Nascimento, um dos maiores ícones da música brasileira, que produziu um imenso repertório de clássicos atemporais.

A peça é um apanhado de mais de 40 canções, e não conta com um elo dramatúrgico, ou seja, nenhum texto costura as músicas. O ator e cantor Sérgio Dalcin conta como é esta dinâmica: “A história vai sendo contada através de cada canção. As letras do Milton são em si uma história própria, dispensam qualquer tipo de intervenção. Em cada música, nós contamos com alguns objetos cênicos, que ajudam a contar aquela história”. 

O musical nasceu, em 2013, e foi criado para teatros fechados, mas, nas temporadas seguintes, circulou por espaços abertos, em uma turnê pelo interior de Minas Gerais, em homenagem a Milton, que nasceu no Estado do Rio de Janeiro, mas é mineiro de criação e de coração. O elenco e a produção viram que daria certo levar o espetáculo à população nas praças públicas. “É um prazer poder cantar para pessoas que nem sempre podem ir ao teatro”, diz Sérgio.

No palco, um grupo de oito atores e cinco músicos dá voz a temas fundamentais da música do homenageado – como amor, amizade, criação artística, negritude, brasilidade e solidão. “Milton fala de temas fundamentais com um despojamento sem igual. A ideia central do musical é colocar os atores como se fizessem parte de um grupo antigo, uma espécie de clube da esquina que ficou esquecido no interior”, resume Charles Möeller. 

O roteiro do musical se divide em quatro atos correspondentes às estações do ano. Enquanto composições que remetem a um solar imaginário interiorano – como Bola de Meia, Bola de Gude, Aqui é o País do Futebol compõem o verão –, canções como A Cigarra, Um Girassol da Cor do seu Cabelo e Nuvem Cigana dão colorido à primavera. Clássicos que atravessaram gerações, a exemplo de Cais, Caçador de Mim, Encontros e Despedidas e Faca Amolada moldam o outono e continuam pelo inverno, com Nada Será como Antes e O que foi Feito Devera. O espetáculo é uma parceria entre o Ministério da Cultura e a empresa financeira Rede. 

Sérgio Dalcin revela que não era muito ligado à discografia de Milton Nascimento. “Foi uma surpresa ter sido convidado. A única música que eu conhecia era Coração de Estudante, que eu cantei na igreja, quando era adolescente. Mas descobri um repertório muito rico e muito bonito. O Milton sempre cantou coisas sobre seu tempo, sobre o preconceito, sobre o amor e a amizade”, elogia o ator. Ele diz que tem um carinho especial pelas canções que sola no musical, Fé Cega, Faca Amolada e, surpresa, Coração de Estudante.

SERVIÇO
‘Milton Nascimento – Nada Será Como Antes, O Musical’
Quando: 19 de novembro (sábado)
Onde: Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira (Praça Cívica) 
Horário: 20h
Entrada gratuita

Foto: divulgação 

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