“Nunca esqueceremos as atitudes dos colombianos”, diz Serra aos prantos; assista
Representando o Brasil em Medellín, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, fez um discurso emocionado
O palco que deveria celebrar uma final inédita da Copa
Sul-Americana, o estádio Atanasio Girardot, em Medellín, tornou-se um dos
locais de uma das mais belas homenagens já vistas no mundo do futebol. Além das
milhares que ficaram do lado de fora, mais de 40 mil pessoas lotaram ontem (30)
a casa do Atlético Nacional para homenagear os 71 mortos na queda do avião da
LaMia que levava a delegação da Chapecoense para a inédita disputa.
Às 21h45, horário em que deveria começar a primeira partida
da final, as torcidas da Chapecoense e do Atlético Nacional começaram
simultaneamente, na Arena Condá, em Chapecó (SC), e no Atanásio Girardot, a
homenagem aos mortos no acidente da última terça-feira (29).
Representando o Brasil em Medellín, o ministro das Relações
Exteriores, José Serra, fez um discurso emocionado. “Nós brasileiros não
esqueceremos jamais a forma como os colombianos sentiram como seu o terrível
desastre que interrompeu o sonho da heroica equipe da Chapecoense. Assim como
não esqueceremos a atitude do Atlético Nacional e de todos os torcedores que
pediram que se concedesse o título da Copa Sul-Americana à Chapecoense. Um
gesto que honra o esporte e que honra a querida cidade de Medellín”, disse.
A homenagem durou os 90 minutos que deveria durar a partida.
Na Arena Condá, milhares de pessoas se reuniram para uma cerimônia religiosa e
para lembrar dos “heróis” locais, com muitas lágrimas e homenagens.
Com cantos de “é campeão” e da música criada pelos torcedores do
Nacional para a Chapecoense, os torcedores promoveram uma belíssima homenagem
aos falecidos.
“A tragédia que vitimou também jornalistas e membros da
tripulação e as inúmeras manifestações de carinho para a Chape no Brasil, na
Colômbia e no mundo são testemunhas da importância da nobreza do esporte como
catalisador dos melhores sentimentos humanos, como arma para combater a
intolerância, como instrumento para construirmos um mundo melhor”, disse Serra,
lembrando que as cores da Chapecoense e do Atlético são verde e branco,
“esperança e paz”.
Os nomes de todas as vítimas – incluindo os jornalistas e a
tripulação que faleceram – foram declamados sob muitos aplausos.
Assista o discurso completo:
Foto: Mauricio Dueñas Castañeda / EPA / Lusa