Cadeirantes reclamam da falta de acesso ao transporte público
Motoristas não param nos pontos e elevadores dos ônibus estão estragados
Bruna Policena
Pessoas com deficiência relatam encontrar dificuldades para
entrar em ônibus, pois muitos motoristas passam e não param nos pontos por
conta da demora em atender o usuário. O motorista precisa descer do veículo
para acionar o elevador, e este por muitas vezes também não está em boas
condições ou está até mesmo estragado.
João Simon, 61, sempre utilizou o transporte público
para realizar suas funções do dia a dia e reclama que por muitas vezes fica
horas no ponto e que passam três, quatro ônibus e não param. A esposa Sônia
conta que já presenciou chacotas por parte dos funcionários do transporte
público por causa da condição de João.
Sônia afirma que muitos ônibus estão com os elevadores
quebrados, e mesmo quando o ponto está cheio de pessoas e o motorista necessita
parar, as pessoas sobem e em algumas situações em que João Simon passou, o
motorista ignorou sua presença, não desceu para acionar o elevador e sem
explicações já saiu com o veículo.
Débora Fontenelle, 33, é administradora na
Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (ADFEGO), cadeirante e
também usuária do transporte público. Ela elata que já passou por situações semelhantes
como as de João, em que teve que esperar quatro ônibus passarem para poder
subir e ir para seu destino.
A administradora afirma que tem muitos motoristas que
realmente não param e que em época de chuva as coisas tornam-se mais difíceis.
E é quando ela mais tem que esperar para ser atendida pelo serviço. Ela também
frisa que muitos elevadores não funcionam, mas acredita que na maioria das
vezes estão em perfeitas condições e os motoristas negam o atendimento.
João Simon explica que quando o motorista afirma que não
pode levá-lo devido ao estrago do elevador, a orientação é que o motorista
desça e mostre ao usuário que o equipamento realmente não funciona. Mas na
prática apenas falam que está estragado e vão embora. Assim, o direito de
locomoção desses usuários é violado de tal forma que a sua autonomia é podada
pela falta de atendimento das empresas de ônibus.
Mas segundo Débora não é todo o funcionário do transporte que
é assim. Mas que as condições deste serviço dificultam a locomoção deles, e
nestes casos só lhe restam aguardar o próximo ônibus. Além dos outros problemas
de mobilidade e acessibilidade que também contribuem com a falta de assistência
e recursos para que um deficiente físico tenha autonomia e tranquilidade na
rua.
Lei
De acordo com o artigo terceiro do Estatuto da Pessoa com
Deficiência, é por lei defendido o direito de locomoção dos usuários com algum
tipo de deficiência. A acessibilidade garantida pela aplicação da lei prevê que
transportes públicos, por exemplo, precisam oferecer todo aparato adaptado para
receber esses usuários.
O Hoje entrou em contato com a Rede Metropolitana de
Transporte Coletivo (RMTC), mas segundo a assessoria da empresa, não foi
possível dar um retorno até o fechamento desta edição por conta de uma viagem
de um dos diretores que seria o responsável em dar o parecer da empresa sobre a
orientação dada aos motoristas para um atendimento de qualidade a estes
usuários.