Confira os 10 melhores álbuns internacionais de 2016
Do canto do cisne de Cohen e Bowie à veia militante de Beyoncé e Alicia Keys, esses são os melhores álbuns gringos de 2016
JÚNIOR BUENO
Se David Bowie não tivesse morrido, Blackstarencabeçaria esta lista? Vamos por partes: o álbum anterior, The Next Day, lançado em 2013 após uma década de ausência foi considerado (mais) uma reviravolta na carreira de Bowie, recebendo toda a atenção de mídia e crítica, e sendo considerado um dos melhores daquele ano.O raciocínio é básico: Blackstar é melhor que The Next Day. Logo, certamente tem que estar aqui. Contido, elegante, introspectivo, em certos momentos lembrando a fase Berlim do artista, o disco merece destaque na discografia de Bowie, o que não é pouco. Blackstar é um grande álbum, planejado meticulosamente por David Bowie para ser o seu canto do cisne.
2- Lemonade, Beyoncé
Quando você é a Beyoncé, cometer erros se torna o único luxo que ninguém é capaz de te conceder. Do Destiny’sChildaté hoje, ela construiu cuidadosamente uma carreira, mas foi em seus últimos trabalhos que assumiu uma postura digna à figura antes vista apenas pelos fãs, da artista incomparável e inigualável, uma das poucas da ‘última safra de divas pop’, capazes de se unir ao clube onde só entra gente do nível de Michael Jackson, Prince, Madonna e David Bowie. Falando abertamente sobre racismo e violência, a limonada de Beyoncé pode descer um pouco azeda para alguns, mas está no ponto para quem queria um pop mais pensante e o álbum foi sorvido como um copo de refresco gelado em um dia muito quente.
3- A MoonShaped Pool, Radiohead
Numa era em que as revoluções musicais são conduzidas por artistas de hip-hop e eletrônico, a banda Radiohead suspira inovação roqueira. Cada novo disco do quinteto inglês é um atestado artístico, um testemunho vanguardista, uma tomada de pulso dos nossos tempos – e do próprio estado de espírito inquieto de ThomYorke e companhia. A MoonShaped Pool se desenrola como uma crônica sobre perdas, medos e anseios.Sutil como sempre, Yorke compartilha suas impressões sobre a falência da raça humana em canções como Identikit e Ful Stop. Um disco pensativo e agitado sobre os loucos e ríspidos tempos atuais.
4- Blonde, Frank Ocean
A ansiedade do público com os diversos teasers, que anteciparam o álbum até a chegada do disco novo em si,não foi em vão. O álbum foi lançado após a decisão do rapper de romper com o selo Def Jam, o que mostra que Ocean está menos preocupado com contratos e com o que os executivos estão pensando e mais focado no que quer. Blonde corresponde às expectativas porque é exatamente o que Ocean queria fazer. O disco é um mar intenso de sentimentos, lirismo e beleza, onde ele faz sua mistura única de rap com falsetes de R&B em arranjos densos e abstratos. Ele está mais introspectivo e o disco é emocionalmente muito rico.
5- We Got It From Here… ThankYou 4 Your Service, A TribeCalled Quest:
Pela primeira vez em 18 anos o grupo de hip hop lançou um álbum inédito.Este é o sexto trabalho dos rappers do Queens e mantém todos esses elementos de amalgamação. Afinal, é disso que se trata o Quest: jazz, R&B, rap e, principalmente, composições em nível afiadíssimo de inteligência e crítica.Para essa espécie de despedida (a banda não deve lançar mais álbuns), convidaram um ‘dreamteam’: Jack White, Elton John, KendrickLamar, Kanye West, André 3000 e mais. A sorte é que o grupo conseguiu gravar o disco inteiro antes da morte de PhifeDawg em março deste ano, aos 45, por complicações com o diabetes.Por isso toda a energia vibrante e visceral do grupo ressurge integralmente no disco.
6- Here, Alicia Keys
Se em Girl onFire, lançado em 2012, Alicia Keys resolveu passar uma imagem de grande artista pop pegando fogo, em Here, seu sexto trabalho na carreira, a cantora falou sobre os mais diversos aspectos da vida pessoal e da sociedade. Em junho, ela declarou que deixaria de usar cosméticos, buscando realçar a sua beleza e seu jeito de ser natural, indo na contramão da imagem de ‘diva pop superproduzida’. A mudança estética acabou orientando uma mudança em sua visão de mundo. Here só confirma o quanto sua carreira tem dado certo e o quão bem Alicia sabe impor seu som simples e marcante. Sem aludir a modismos baratos, Keys soa acessível o bastante sem prejudicar a sua identidade sonora, sendo direta e clara nas referências que a norteiam.
7- YouWant It Darker, Leonard Cohen
Outro testamento em forma de disco. Cohen lançou esse álbum um pouco antes de morrer, aos 82 anos. O discotrouxe um tom bastante sóbrio, por vezes até um pouco soturnos. “Estou pronto, meu Senhor”, ele canta em YouWant It Darker. Sim, Cohen mostrou-se pronto para morrer. E não há nada de especialmente triste nisso. Poucas vezes se viu um epitáfio tão classudo e poético como esse.
8- Post Pop Depression, Iggy Pop
Do início dos anos 70, quando surgiu com os Stooges, uma espécie de ‘pai do movimento punk’, Iggy cometeu todos os tipos de excessos possíveis e é quase um milagre que esteja vivo. Então não chega a surpreender que Pop tenha unido forças com outro bad boy, o cantor, guitarrista e líder do Queens Of The Stone Age, Josh Homme. O resultado é uma coleção de ótimas músicas.
9- Joanne, Lady Gaga
Joanne é o retorno da diva à pop music depois de saturar sua imagem em experimentações que foram do surpreendente ao mais do mesmo. O álbum desfia confissões íntimas sobre abusos, inseguranças e lúpus. Gaga está mais confiante sobre que mensagem quer passar e é direta e crua. Os fãs estranharam a nova encarnação da artista, mas é a mesma cantora, só que sem as camadas de maquiagem de antes. O bate-cabelo ainda reside ali, mas, agora, o pop pensa e quer fazer as pessoas pensarem.
10- Hardwired… To Self-Destruct, Metallica
De pontas de lança do cenário musical independente a megaestrelas, eles já passaram por tudo. Lidaram com a perda de um integrante em um acidente fatal, passaram por um quase suicídio artístico quando lançaram St Anger e fizeram terapia em grupo. Após um recesso de oito anos sem um novo álbum, os integrantes do Metallica resolveram fazer o mesmo que sua legião de fãs: olharam com carinho para os idolatrados álbuns Master Of Puppets e …And Justice For All e fizeram um trabalho que é uma espécie de filho espiritual daqueles dois favoritos. Nunca o Metallica soou tão próximo de clássicos como Battery ou Harvester Of Sorrow. O que para os fãs soa como música. Literalmente.