Juros do cartão de crédito rotativo batem recorde
O crédito rotativo geralmente é usado quando o cliente não tem condições de pagar o valor total
da fatura do cartão de crédito
Os juros médios do cartão de crédito rotativo alcançaram 484,6% ao ano em dezembro de 2016. O valor é recorde na série histórica do Banco Central (BC), iniciada em março de 2011.
O crédito rotativo geralmente é usado quando o cliente não tem condições de pagar o valor total da fatura do cartão de crédito. Ele, então, quita apenas uma parte e o valor restante é cobrado nas faturas seguintes com juros mais caros que os habituais. As informações sobre os juros em dezembro estão na Nota de Política Monetária, divulgada ontem (26) pelo BC.
A autoridade monetária informou ainda que os juros do cartão de crédito parcelado chegaram a 153,8% ao ano em dezembro de 2016, caindo 1,6 ponto percentual em relação a novembro e subindo 17,6 pontos percentuais na comparação com dezembro de 2015.
Os juros totais do cartão de crédito encerraram 2016 em 112,4% ao ano, com queda de 5,5 pontos percentuais em relação a novembro, mas alta de 15,1 pontos percentuais ante dezembro de 2015.
Também ontem, o BC informou que o saldo total das operações de crédito atingiu R$ 3,107 trilhões em dezembro de 2016. O valor representa retração de 3,5% em relação a dezembro de 2015. O BC atribuiu a queda à retração da economia.
Operações de crédito
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos caiu 3,5%, em 2016, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados ontem (26). O saldo fechou o ano em R$ 3,107 trilhões, o que correspondeu a 49,3% de todos os bens e serviços que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro de 2015, essa relação ficou em 53,7%.
Segundo análise do BC, “a contração do crédito em 2016 refletiu a retração da atividade econômica e seus impactos na demanda de consumo e investimento e o aumento da percepção de risco do sistema financeiro”. O saldo do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros, chegou a R$ 1,557 trilhão em dezembro, com queda de 4,9% em 12 meses.
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias para pessoas físicas, encerrou o ano em 3,9%, caindo 0,2 ponto percentual no mês de dezembro em relação a novembro e 0,3 ponto percentual no ano. No caso das empresas, manteve-se estável em 3,5% no mês e cresceu 0,9 ponto percentual no ano.
A inadimplência com recursos livres e direcionados ficou em 1,8% para as empresas. A inadimplência das famílias nesse recorte chegou a 5,7% em dezembro.
A taxa média de juros para as pessoas físicas encerrou 2016 em 71,5% ao ano no crédito livre, com queda em relação a novembro de 2,1 ponto percentual. A taxa de juros cobrada das empresas encerrou o ano passado em 28,2% ao ano.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), o saldo chegou a R$ 1,550 trilhão, queda de 2% no ano.
A taxa de juros com crédito direcionado para as empresas ficou em 11% ao ano. No caso das famílias, a taxa atingiu 10,4% ao ano.