Goiás é o 3º no ranking de transplante de córnea
Ano passado foram 778 transplantados, ficando atrás apenas do Distrito Federal e Ceará
Bruna Policena
A boa colocação do estado de Goiás no ranking nacional de transplante de córnea deve-se ao grande número de profissionais especializados nessa área e responsáveis por fazer esse procedimento. Atualmente, no Estado, são realizados transplantes de córneas, rins, coração e medula óssea. O procedimento de córneas é o mais comum, pois são tecidos e podem ser captados em até seis horas depois de o coração ter parado e não precisa ter tido morte encefálica.
De acordo com Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), só no ano passado foram feitos 778 transplantes de córnea. Nos últimos três anos, aumentou o número de doadores efetivos: em 2014 foram 26; em 2016, 47. Mesmo assim, o número de famílias que não doam ainda é alto. Há 63% de negativa familiar.
A Central de Transplante só atua após a confirmação do diagnóstico dos médicos. Uma equipe multiprofissional aborda a família para explicar sobre a doação de órgãos. Hoje no Brasil, para ser doador, não precisa mais deixar nada por escrito. O procedimento antigo de registrar na carteira de motorista não existe mais. Agora só é preciso conversar com a família e deixar claro o desejo de doar após morte.
Hospitais
A Central de Transplantes ressalta a atuação de três hospitais estaduais que contribuem e muito com as doações de córnea: o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), o Hospital de Urgências Otávio Lage (Hugol) e o Hospital de Urgências de Anápolis (Huana). Fernando Castro é o gerente da central, e de acordo com a organização, os três juntos são responsáveis por mais de 80% das doações feitas no Estado.
A Fundação Banco de Olhos de Goiás (FUBOG) é o centro de transplante referencia da capital. E dentro de cada hospital há uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos, responsável por acompanhar os possíveis doadores e informar à Central de Transplante, que só atua após confirmação de diagnóstico da morte encefálica. Essa comissão também tem o papel de acolher a família no hospital.
Há também um projeto em estudo para a criação de uma Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (Opos) até no final deste ano, que será responsável por uma determinada região no Estado ajudando a Central e as Comissões já existentes. O projeto atuaria como um braço da Central para controlar e visitar os hospitais para os possíveis doadores.
Morte encefálica
No ano passado foram registradas 340 notificações de morte encefálica, e destas, somente 47 famílias autorizaram a doação. No estado e todo o processo de doação de múltiplos órgãos começa a partir do diagnóstico da equipe médica, em que são realizadas duas avaliações clínicas por médicos diferentes, além de um exame complementar.
Adão Manuel Bernardo, de 60 anos, foi atropelado por um motociclista no dia 25 de outubro do ano passado. Após dois dias no hospital, veio a confirmação da morte encefálica de Adão. Sua irmã Eva Bernardes de Almeida, de 53 anos, conta que era de desejo da família a doação dos órgãos para que outras pessoas pudessem ter uma nova chance de viver.
No entanto, Eva relata que os médicos preferiram esperar o coração parar de bater para retirar a córnea e os outros órgãos que pudessem ser aproveitados. Mas a espera foi o suficiente para que os órgãos não pudessem ser doados já que não estavam em condições ideais para isto. E assim, foi perdido aqueles órgãos que seriam a chance de outra pessoa ter uma vida melhor.