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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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Lava Jato

Em nova fase da Lava Jato, Moro defende necessidade de prisões preventivas

“Assim, excepcional não é a prisão cautelar, mas o grau de deterioração da coisa pública revelada pelos processos na Operação Lava Jato” afirmou

Postado em 23 de fevereiro de 2017 por Toni Nascimento
Em nova fase da Lava Jato
“Assim

No
despacho em que autorizou a 38ª fase da Lava Jato, efetivada hoje (23) pela
Polícia Federal, o juiz federal Sérgio Moro dedicou ao menos cinco parágrafos a
fazer uma defesa das prisões preventivas que têm decretado contra pessoas
investigadas na operação.

Ao
alegar “risco à ordem pública” para autorizar a medida cautelar contra os suspeitos
Jorge Luz e Bruno Luz, Moro comparou o caso dos dois aos de outras pessoas
detidas na operação, afirmando que “apenas a prisão preventiva foi capaz de
encerrar as suas carreiras delitivas”.

“Embora
as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Jato recebam
pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda,
impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento
progressivo do quadro criminoso”, escreveu Moro.

Para
o juiz federal, determinar a prisão preventiva num quadro de corrupção e
lavagem de dinheiro sistêmico não é uma heterodoxia, e sim uma aplicação normal
do artigo 312 da lei processual penal.

“Assim,
excepcional não é a prisão cautelar, mas o grau de deterioração da coisa
pública revelada pelos processos na Operação Lava Jato, com prejuízos já
assumidos de cerca de R$ 6 bilhões somente pela Petrobras e a possibilidade,
segundo investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), de que os
desvios tenham sido utilizados para pagamento de propina a dezenas de
parlamentares, comprometendo a própria qualidade de nossa democracia”, escreveu
Moro.

O
posicionamento do magistrado ocorre após ministros do STF terem se manifestado
recentemente sobre o assunto. Na semana passada, Celso de Mello e Marco Aurélio
fizeram questionamentos sobre o uso prolongado desse tipo de medida cautelar.

As
observações foram feitas durante o julgamento em plenário de um pedido de
liberdade de Eduardo Cunha, detido desde outubro do ano passado em Curitiba.
Apesar disso, os ministros negaram o recurso do ex-deputado, que foi mantido
preso.

No
início do mês, em julgamento na Segunda Turma, colegiado do STF em que é
apreciada a maior parte das questões relativas à Lava Jato, o ministro Gilmar
Mendes disse que a Corte tem “um encontro marcado com as alongadas prisões que
se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar sobre este tema que
conflita com a jurisprudência que desenvolvemos ao longo desses anos”.

No
despacho divulgado nesta quinta-feira, Moro lembrou que apesar das “críticas
genéricas às prisões preventivas”, há no momento “somente” sete pessoas sem
condenação nesta condição no âmbito da Lava Jato.

Operação
Blackout

A
38ª fase da Lava Jato, denominada Operação Blackout, deflagrada hoje (23) pela
Polícia Federal, aponta que Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz, intermediaram
o pagamento de US$ 40 milhões em propina ao longo de dez anos, recursos que
teriam sido desviados de contratos da Petrobras. Os dois tiveram decretada a
prisão preventiva, mas os mandados não foram cumpridos porque eles se encontram
nos Estados Unidos.

(Agência Brasil) 

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