Câmara dos EUA adia votação sobre Obamacare
A votação seria um teste da relação do parlamento com o presidente Donald Trump
Os líderes da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos
decidiram ontem (23) adiar a votação do projeto de lei que iria substituir o
atual sistema público de saúde norte-americano, o chamado Obacamacare. A
votação seria um teste da relação do parlamento com o presidente Donald Trump.
O partido Republicano, ao qual o presidente pertence, tem maioria tanto na
Câmara quanto no Senado, mas congressistas republicanos já vinham se mostrando
contrários a algumas posições de Trump.
A expectativa era que a votação ocorresse hoje, exatos sete
anos depois que o Obamacare foi aprovado, simbolizando a primeira vitória do
governo Trump. Um dos principais pontos da campanha do presidente foi
justamente o fim do programa criado por Obama. Alguns republicanos mais
conservadores acreditam que a proposta de Trump não vai longe o suficiente na
desregulamentação do sistema, enquanto outros temem que sua base fique sem
cobertura de plano de saúde.
Trump e o vice-presidente Mike Pence se reuniram pela manhã
com o House Freedom Caucus, grupo de cerca de 30 deputados do espectro
mais conservador dos republicanos na Câmara norte-americana, para tentar
convencê-los a votar a favor da proposta. O deputado Jeff Duncan, membro do
grupo, disse que o projeto não é o que os republicanos prometeram e que eles
podem “fazer melhor”. “Marcar a votação para hoje era simbólico, mas não um
prazo final”, disse. Outro membro do grupo, Jim Jordan, afirmou que a proposta
de Trump “não substitui a de Obama, não diminui os custos dos planos de saúde e
não une os republicanos”.
Mais tarde, Donald Trump também se reuniu com um grupo de
republicanos mais moderados, o chamado Tuesday Group, mas o encontro não
foi suficiente para que o presidente pudesse angariar os votos necessários para
aprovar a lei. Em uma reunião com caminhoneiros hoje na Casa Branca, Trump
disse que o Obamacare fez os preços dos planos de saúde dispararem e diminuiu o
número de opções para os americanos.
O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, que
trabalhou a favor do projeto de Trump, também defendeu que o Obamacare deixou
os planos de saúde muito caros para a população e criou monopólios no mercado
norte-americano, já que, segundo ele, em mais de mil localidades há apenas uma
instituição cadastrada para oferecer serviços pelo sistema. Há expectativa de
que o projeto de Trump seja votado nesta sexta-feira (24). (Agência Brasil)