Sustentabilidade na coleta de resíduos de Goiânia
Mais de 1.400 toneladas de lixo são produzidas diariamente. Especialista aponta solução para evitar crises futuras
Wilton Morais
Três vezes por semana a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) realiza a coleta do lixo orgânico da cidade. A frequência é alternada; segundas, quartas e sextas; terças, quintas e sábados; e, em alguns bairros mais adensados, diariamente. São coletados 1.400 toneladas diárias. Apesar disso, o material orgânico se mistura com outras espécies de lixo.
A coleta seletiva é responsável pela média de 3,8 mil toneladas mensais. Os materiais são destinados às 15 cooperativas conveniadas a prefeitura. O índice de reaproveitamento de recicláveis secos de Goiânia é de 6%. “Poderíamos chegar em 30%. Média [aceitável] nos perímetros urbanos. Mas, a separação do lixo ainda é baixa, na Capital, para o que se deve alcançar”, explica o coordenador do núcleo de resíduos líquidos e sólidos da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eraldo Henriques Carvalho.
“A meta nacional consiste em chegar em torno de 25%, daqui 20 anos. A população tem que participar selecionando o lixo em recipientes distintos, para a coleta seletiva”, sugere Eraldo que também éprofessor da escola de engenharia civil e ambiental da universidade. Mesmo assim, o número do índice é baixo se comparado a produção diária coletada.
“Entendemos que cidade limpa não é aquela que é limpada todos os dias mas sim aquela cuja população menos suja”, compreende o presidenteda Comurg, Denes Pereira. Segundo o representante, apenas nos 100 dias, desde o início da nova gestão, foram coletados 120 mil toneladas de lixo orgânico e quase 100 mil toneladas de entulhos. Parece muito lixo, mas, Carvalho explica que oalcance da coleta seletiva ainda é baixo, para garantir a economia e redução de impactos ambientais.
“Os artigos recicláveis e os potencialmente recicláveis, também são destinados ao aterro [sanitário]. A população precisa repensar seus hábitos para produzir menos resíduos. Aí entra o conceito sustentável, a população precisa entender que a responsabilidade deve ser compartilhada”, orienta Carvalho.
Prevenção
O especialista acredita que é preciso prevenção e planejamento para melhorar a coleta de resíduos. Carvalho considera que faz parte dos planos municipais, de resíduos sólidos, o estudo de medidas de contingência e emergência, como a Comurg alega estar realizando.
“Por exemplo, ao contratar caminhões de terceiros ou uma frota de emergência é preciso ter analises que devem estar no plano municipal de resíduos sólidos”. Eventualidades ocorrem se a empresa contratada teve problema de pagamento [com o município]. “Então deve haver uma saída planejada previamente. [Atualmente] o prestador do serviço não tem esse planejamento prévio para minimizar os danos”, disse o especialista.
Carvalho defende que a questão ambiental de Goiânia iria melhorar se a tração orgânica dos resíduos sólidos urbanos tivesse um aproveitamento, por meio da compostagem ou digestão anaeróbia – técnicas aplicadas para estimular a decomposição de materiais orgânicos.“Entende-se que toda vez que fazemos uma compra, envolvendo uma embalagem, em casa imediatamente à jogamos no lixo. Devemos então, durante o consumo pensar nessa questão”.