Quando uma prótese personalizada muda a vida de uma pessoa
Oficina do CRER confecciona próteses de acordo com o gosto do paciente
Amanda Sales
Utilizar uma prótese ortopédica pode ser motivo de
desconforto para quem usa. Mas por ser indispensável, em muitos casos, o
indivíduo acaba se acostumando e se adaptando ao objeto. Os colaboradores da oficina
ortopédica do Centro de Reabilitação e Readaptação
Dr. Henrique Santillo (CRER) criaram uma maneira de deixar o uso da prótese
mais agradável.
Há cerca de um mês, os
funcionários da oficina deixaram o protocolo um pouco de lado e sugeriram que
um dos pacientes escolhesse um tecido de malha para ser colocado sobre o
encaixe, de modo que a prótese ficasse colorida. O paciente gostou da ideia e a
história da prótese personalizada se espalhou.
Hoje, cerca de doze pacientes
já possuem suas próteses personalizadas, mas a tendência é que esse número
cresça, pois mais pessoas já solicitaram a sua personalização. No entanto, o
procedimento não pode ser feito com próteses prontas, uma vez que o tecido
estampado é adicionado ao procedimento durante a última etapa de sua confecção
e coberto por uma camada de resina.
A estampa é uma escolha do
paciente e representa a diversidade das personalidades e a individualidade de
cada pessoa, a equipe do CRER já estampou flores, símbolos de times de futebol
e desenhos que se assemelham a tatuagens. O gerente da oficina ortopédica do
CRER, Alysson Alvim Campos, enxerga que a personalização “minimiza o impacto da
pessoa amputada em ter que usar uma prótese”. Ele explica que a interface que
encaixa a prótese ao corpo é feita de resina e fibras, na última etapa de
confecção do encaixe, uma camada de tinta é aplicada e laminada para dar cor ao
encaixe. O procedimento padrão é colorir com um tom que seja próximo ao da pele
do paciente.
De acordo com ele, o uso do
objeto pode gerar uma “debilidade emocional” no paciente, mas ter uma prótese
com uma estampa própria pode aliviar esse sofrimento. “Além disso, ter um
modelo único de prótese é um estímulo à autoestima do paciente”, assegura.
A oficina ortopédica do CRER
existe desde 2003 e produz mensalmente, cerca de 40 próteses, sem contar outros
acessórios que auxiliam a vida de pessoas com alguma deficiência física. Os
colaboradores também sentiram a diferença no ambiente de trabalho depois que
começaram a personalizar os dispositivos. “A confecção se tornou menos
maçante, além do mais, a vontade de ver a alegria do paciente, deixa o trabalho
mais cuidadoso e caprichado”, enfatiza Alyssom.
O gerente afirma que a
personalização das próteses não aumenta em nada os custos e o tempo de
confecção. Na maioria das vezes, os próprios pacientes compram os tecidos de
sua preferência e levam para a oficina. Ele conta que a motivação em ver a
personalização parte tanto dos pacientes como dos funcionários, “os
colaboradores da oficina estão caprichando bastante nesse trabalho, que tem
ajudado pacientes amputados a se adaptarem melhor com a prótese, além de elevar
a autoestima”.
Ronivon Alvarez Ferreira usa
prótese há um ano e foi um dos pacientes que teve a personalização feita pela
equipe da oficina do CRER. “Gostei do resultado. Minha prótese ficou
bastante diferente. Além disso, minha
autoestima melhorou no último mês”, conta a experiência que teve desde que
começou a usar a prótese com a estampa que escolheu.