Goiânia completa 100 dias sem chuva
Perspectiva é de que goianienses vejam água nos céus apenas na segunda quinzena de setembro
Victor Lisita*
Goiânia está passando por um período com temperaturas quentes e
que trazem prejuízos à saúde dos cidadãos. A Capital completou hoje (31) um
total de 100 dias sem chuva e a previsão é de que não volte a ver água caindo
do céu tão cedo. De acordo com Elizabete Alves Ferreira, chefe do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet) em Goiás e Tocantins, o mais provável é que o
fenômeno dê as caras a partir da segunda quinzena de setembro. Contudo, este
período de transição climática que está acontecendo dificulta a percepção dos
equipamentos meteorológicos, o que permite a possibilidade de uma chuva isolada
ocorrer.
Elizabete conta que a previsão do retorno de uma umidade mais
ideal para a saúde seria na segunda quinzena de outubro, quando as chuvas
começam a retornar e tornam-se mais frequentes. “Às vezes ocorre um intervalo sem o
fenômeno, porém, com a atmosfera mais aquosa, a umidade do ar permanece elevada”.
Durante a tarde de hoje, a temperatura havia atingido
35º C. Na quarta-feira (30), o Inmet publicou um aviso vermelho de baixa
umidade para grande parte de Goiás. Em Goiânia, ela chegou aos 8% no dia 29 de
agosto e subiu para 11% nesta quinta-feira.
Por hora, estima-se que a temperatura não se mantenha
integralmente alta, mas sim que oscile, visto que que uma massa de ar frio
originada no Sul do Brasil pode chegar até Goiás. “Está previsto para a próxima
semana que as temperaturas da madrugada abaixem novamente, porém o período da
tarde continua com um clima mais elevado”.
Após a pausa das chuvas, os
goianienses enfrentaram um momento com dias agradáveis e noites muito frias.
Elizabete explica que tal condição se deu pela massa de ar seco que ainda está
atuando. “Durante o dia, a falta de nuvens no céu influencia diretamente no
recebimento da radiação proveniente do Sol, fazendo com que a cidade aqueça
bastante. Já à noite ocorre o inverso, ou seja, a falta de nuvens permite que a
radiação obtida durante as horas anteriores do dia seja perdida mais
rapidamente para a atmosfera”.
A chefe do Inmet explica que os ventos vindos do Norte e do Sul
do país também são fatores que favorecem a mudança drástica nos termômetros. Os que são provenientes
do Sul influenciam em uma queda da temperatura, pois uma massa de ar fria se
encontra na região. Em contrapartida, se for o inverso, com ventos chegando do
Norte, o goianiense pode apostar em uma bermuda, regata e muita água.
Saúde
Elizabete lembra as doenças respiratórias
ocasionadas pela amplitude térmica (diferença entre a temperatura máxima e
mínima) diária, que faz com que o organismo sofra com a variação. “A recomendação
é tomar bastante líquido, usar umidificador, se proteger do Sol e evitar
exercícios físicos no período da tarde”. A meteorologista recorda também da
parte ambiental, visto que quanto mais seco e mais quente, maiores são as
probabilidades de acontecerem queimadas e incêndios.
Para setembro, espera-se uma média de 45 milímetros de chuva em
Goiânia, porém, Elizabete explica que as condições para o fenômeno ocorrer são
instáveis. Por exemplo, pode chover 30/40 milímetros em apenas uma hora, assim
como o número pode ser diluído em diversos dias.
Crise Hídrica
Alguns bairros da Grande Goiânia estão enfrentando problemas com
a falta de água, como Parque Atheneu e Setor Ville de France, e a sugestão de
que ocorrerá um racionamento de água na Capital circularam a região por alguns
dias. Em vista destes fatos, o secretário do Meio Ambiente, Recursos Hídricos,
Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) Vilmar Rocha,
tranquilizou os presentes na abertura da 19ª Oficina da Região Metropolitana de
Goiânia-RMG afirmando que não haverá parcimônia da água.
Diante do cenário da falta de chuvas, o secretário pediu que a
população faça o uso consciente da água e evite o desperdício. Segundo ele, já
estão em curso diversas medidas afirmativas que conterão o risco da ausência de
água. A Secima está adotando medidas fortes e severas com foco na fiscalização
na Bacia do Meia Ponte, no sentido de evitar as captações irregulares e
fiscalização das outorgas. Rocha ainda disse que a Saneago admitiu colocar em
funcionamento, no próximo dia 19, o Sistema Mauro Borges, que trará água do
João Leite para Goiânia, com o objetivo de amenizar substancialmente a escassez
e aliviar a captação do Meia Ponte.
*Victor Lisita é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob a supervisão de Naiara Gonçalves.
Fotos: Reprodução