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domingo, 24 de novembro de 2024
Música

Vitrola, rabeca e viola no primeiro dia de Prosa Sonora

Maciel Salú, Cacai Nunes e Encontro Violado comandam abertura da 3ª edição da série musical

Postado em 21 de setembro de 2017 por Guilherme Araújo
Vitrola
Maciel Salú

Bruna Policena**

No clima dos tradicionais bailes
de forró, a Prosa Sonora 2017 começa no próximo sábado (23), às 20h, no Teatro
Sesi com entrada gratuita. Na abertura, a série musical apresenta o coletivo de
violeiros goianos do Encontro Violado; o pernambucano Maciel Salú com seu
último disco “Baile de Rabeca” e o DJ e pesquisador da música regional
brasileira Cacai Nunes, com o projeto Forró de Vitrola. Não é necessário
retirar os ingressos antecipadamente e, além dos shows dentro do teatro, haverá
uma estrutura externa com bar, food trucks, telão e uma lona de circo que vai
abrigar o DJ da noite.

Neste
ano a Prosa Sonora chega à 3ª edição se consolidando no circuito goiano de
festivais com programação gratuita focada na diversidade e riqueza da música
popular brasileira. A proposta é abrir espaço na agenda de Goiânia para bandas
que figuram fora do circuito comercial Brasil afora. Esse ano, a Prosa volta a
surpreender na programação com atrações inéditas e gratuitas, além de promover
encontros encantadoramente improváveis, como é o caso de um dos shows mais
esperados que colocará lado a lado nada menos do que Bongar (PE) e Liniker
(SP).

Serão 14 atrações que se
dividirão em quatro apresentações no Teatro Sesi entre os dias 23 de setembro e
17 de novembro. Além do dueto entre o grupo pernambucano e o cantor paulista, a
série musical vai contar com uma boa mistura de ritmos periféricos com a Bahia
Bass do Àttøøxxá (BA); o resgate da sonoridade afro-brasileira do Terra Cabula
(GO); o coco das meninas da Cocada Coral (GO); outro encontro promissor entre
Berra Boi (PB), Alessandra Leão e Caçapa (PE), e ainda discotecagem com os DJs
Gerson Deveras (DF) e Furmiga Dub (PB).

O DJ Cacai Nunes explica a importância
de um projeto como a Prosa Sonora para o incentivo e cultivo da música popular.
“Eu acho que cada vez mais temos oportunidades de ter estes encontros de
tradições. Por exemplo, virá se apresentar o Marcelo Salú, que é um tocador de
rabeca, e o Encontro Violado, então percebemos que são pessoas que têm
identificação com o que o povo canta, escuta, a memória e saberes
tradicionais”. E acrescenta ainda que “é uma oportunidade única de poder se
reunir, se encontrar, trocar, dividir espaço para esse nicho de música
tradicional, regional, popular, como preferir chamar. Então é mais um canal de
divulgação dessa música que tanto nos identificamos”.

Apresentações de Estreia

Encontro
Violado, que fará a abertura oficial às 20h, foi a atração mais votada pelo
público entre quatro finalistas de um processo seletivo inédito feito este ano
pela Prosa. Trata-se de um coletivo de violeiros vindos de outros grupos
musicais como Cega Machado (Diego Lobo e Pedro Vaz), Sertão e Umbando (Olavo Telles),
Chapéu di Paia (Billy), Erotori (Paula de Paula), Duo Goiás (Alexandre Nonato)
e Cia Bambulengo (Rodrigo Gorgumã). A apresentação ocorre em formato de roda de
viola, onde cada violeiro compartilha suas músicas, ora solo, ora em duplas,
trios e com o grupo todo. Olavo, um dos integrantes, explica que este
‘encontro’ já existe há cinco anos, e o que o torna especial, é que cada um tem
seu estilo e influência individual. Todos são compositores, uns gostam mais da
viola contemporânea, outros mais da tradicional. E juntos, apresentam um
repertório rico e autoral, como define o violeiro. 

Com
três álbuns lançados, o violeiro pernambucano Cacai Nunes percorre um trajeto
em que procura explorar a viola brasileira com pluralidade, mostrando-a como um
instrumento versátil e com grande potencial harmônico e melódico. Macumbeiro,
chorão e forrozeiro, como bem se define, ele já visitou países da Europa,
África, América do Norte e do Sul mostrando a diversidade da sua música e de
sua viola. Cacai se entende como um violeiro contemporâneo, e mesmo buscando
suas influências na viola de raiz, gosta de transitar entre estilos, a
versatilidade do instrumento. Recentemente lançou um álbum com músicas de Choro
na viola.

Mestre do Maracatu Piaba de
Ouro, de Olinda (PE), Maciel Salú é herdeiro de uma das famílias mais
expressivas da cultura popular pernambucana e traz a Goiânia, pela primeira
vez, seu projeto solo, iniciado em 2003. O último disco, ‘Baile de Rabeca’, foi
lançado em 2016 e celebra ritmos como forró, samba, marchinha, coco e cúmbia,
mas também dá espaço para celebração e devoção. O álbum foi produzido de forma
independente, com a parceria dos fãs por meio de uma campanha de financiamento
coletivo. Maciel Salú e sua companheira de vida e carreira, a Rabeca, prometem
sacudir a poeira do Teatro Sesi no show marcado para as 21h.

História do projeto

A série musical tem como pilar a
ampliação do acesso às manifestações regionais da música brasileira. Seu
principal objetivo é aproximar o público da essência da cultura popular tão
diversa em um país com dimensões continentais como o Brasil. Na Prosa,
tradicional e contemporâneo se unem em uma atmosfera única que apresenta a
riqueza da tão conhecida, porém nem tão a fundo, música popular brasileira.

Realizada com o apoio
institucional do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, a Prosa Sonora é
produzida pela Pandarus Música Brasileira. À frente da produtora estão Fernando
Santos e Juliana Alves, com décadas de trabalho dedicado à construção e ao
fortalecimento da cena musical goiana. Pela primeira vez, a Prosa abriu um
processo seletivo para artistas goianos interessados em integrar a programação.
Quatro atrações finalistas foram escolhidas pela produção e o público escolheu
a vencedora por meio de uma votação na página da Prosa Sonora no facebook. A
atração, o ‘Encontro Violado’, que foi mais votada fará, portanto, o show de
abertura da série neste sábado, dia 23 de setembro.

Kombi forrozeira

Depois dos dois shows dentro do
teatro, o DJ, músico e pesquisador brasiliense Cacai Nunes fecha a noite com
chave de ouro com seu projeto Forró de Vitrola, iniciado há quase 18 anos, e
recém-chegado de turnê na Europa. Conhecido como ‘garimpeiro de sons’, Cacai
apresenta seu set de dentro de uma Kombi 1973 devidamente customizada e
equipada com toca-discos de mesma época, sonorização e iluminação. No
repertório, o forró pé de serra que começa nos anos 40 com Luiz Gonzaga e vai
até os dias de hoje. Cacai se apresenta às 22h30 na estrutura externa montada
no estacionamento do teatro com lona de circo, bar e food trucks.

O pernambucano conta que, mesmo
morando em Brasília desde 1984, suas influências nordestinas exalam dentro do
seu trabalho de pesquisa regado a regionalidade e tradição, dando frutos em sua
viola de som mais contemporâneo e no seu baile. “Eu sou acima de tudo um
violeiro. E tenho esta atividade como DJ em função de uma pesquisa que faço
chamada Acervo Origens, difundido um programa rádio, aos sábados, na Rádio
Nacional em Brasília, no ar desde 2010. Eu toco músicas que tenham vínculos com
a identidade brasileira, do povo brasileiro. Ai entra música do povo do norte,
do sul, sudeste, centro oeste e do nordeste claro, pois sou nordestino e eu
puxo muito minha história, apesar de morar em Brasília há tanto tempo”.

Cacai explica que o Acervo Origens
também faz pesquisas de campo de músicas tradicionais brasileiras, e
recentemente ele terminou um disco de uma folia do divino no Tocantins, lançado
a pouco mais de um mês. No site do projeto, acervoorigens.com, Cacai
disponibiliza um repertório de músicas brasileiras vindo de discos de vinil
digitalizados. Envolto de uma pesquisa muito rica da música regional, o
violeiro consegue dialogar suas várias habilidades e profissões dentro destes
projetos. “E é desta forma que eu consigo me comunicar nas atividades de
pesquisador, musico e de DJ nos bailes de forró”.

E enquanto DJ, o violeiro aproveita sua relação afetiva com o
forró pé de serra e os vinis para montar um set cheio de embalo e memória, já
que suas referências são parte da história do povo brasileiro. “Então o projeto
Forró de Vitrola é um baile, uma festa para dançar e o repertório é extraído
totalmente destes discos de vinil que nós temos aqui em nossa coleção, toda
catalogada e digitalizada, na medida do possível, em que vou disponibilizando
na internet e difundindo na rádio, então é um acervo que está sempre em
movimento, ele não fica guardado e inacessível, ele está sempre em trânsito,
seja na rádio, na internet ou no baile de forró”.

Cacai Nunes já se apresentou em outra edição passada da Prosa
Sonora, em 2015, como violeiro, e desta vez, vem com a proposta da Kombi
Forrozeira, que tem sua função simbólica e afetiva do projeto Forró de Vitrola.
“Eu já em apresentei como violeiro no Prosa Sonora há dois anos, e agora vou
como DJ. “E vou dentro de uma Kombi 1973, destas que o pessoal chama de modelo
‘corujinha’, que já é mais um elemento que agrega valor ao conteúdo, por que eu
uso um automóvel da mesma época dos discos que eu uso. Estou agregando valor de
memória mesmo, pois a Kombi é um veículo que tem muita história dentro do povo
brasileiro”.

Programação infantil

Uma das novidades de 2017 é uma
sessão voltada exclusivamente para o público infantil, a Prosinha, no dia 12 de
outubro, Dia das Crianças. Serão duas atrações que misturam circo, teatro e
música. A comédia musical Circo sem Teto da Lona Furada dos Bufões da banda
cearense Dona Zefinha retrata a luta pela sobrevivência de um circo mambembe
nordestino e o grupo goiano Circo Bambulengo faz um espetáculo interativo em um
cenário feito com elementos de bambu.

SERVIÇO

3ª edição da Prosa Sonora

Quando: 23 de setembro, 12 de outubro, 23 de outubro e 17 de
novembro

Onde: Teatro Sesi – Av. João Leite, 1013, Santa Genoveva

Entrada: gratuita

Mais
informações: http://prosasonora.com.br/

BOX
– PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

23 de
setembro

20h Encontro Violado (GO)

21h Maciel Salu (PE)

22h30 Forró de Vitrola com Cacai Nunes (DF)

12 de
outubro

16h Circo Bambulengo (GO)

17h Circo sem Teto da Lona Furada dos Bufões – Dona Zefinha (CE)

23 de
outubro

20h Cocada Coral (GO)

21h Bongar (PE) convida Liniker (SP)

22h30 Àttøøxxá (BA)

17 de
novembro

20h Terra Cabula (GO)

21h Berra Boi (PB) convida Alessandra Leão e Caçapa (PE)

22h30 DJ Gerson Deveras (DF) convida Furmiga Dub (PB)

**Bruna Policena é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob a supervisão de Flávia Popov (Foto: Divulgação)

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