Portugal amanheceu hoje sem focos de incêndio
Com o período de seca extrema que afeta quase 90% do país, a previsão de um fim de semana com temperaturas acima dos 30 graus
Portugal amanheceu hoje sem focos
de incêndio. No entanto, somente este ano o número de mortes já passa de 100.
Em junho, 65 pessoas morreram na tragédia de Pedrógão Grande. No último
domingo, o país registrou mais de 500 focos de incêndio, 37 mortos, 71 feridos
e centenas de pessoas desalojadas.
Semana passada, um relatório
feito pela Comissão Técnica Independente do parlamento alertava para o perigo
iminente. Com o período de seca extrema que afeta quase 90% do país, a previsão
de um fim de semana com temperaturas acima dos 30 graus e os ventos fortes
causados pela passagem do furacão Ophelia, as 37 mortes registradas nos últimos
dias pareciam uma tragédia anunciada.
No documento, os especialistas
afirmavam que “os acontecimentos relacionados com os incêndios de Pedrógão
Grande e de Góis, dos quais resultaram um enorme conjunto de vítimas mortais,
colocaram a problemática da floresta e dos incêndios florestais na ordem do
dia”. O texto diz ainda que a situação é “reconhecidamente insuportável e que
exige soluções profundas, estruturantes e consensuais”.
Apesar dos alertas, a Autoridade
Nacional de Proteção Civil (ANPC) reduziu, no final de setembro deste ano, os
meios de prevenção, incluindo o número de postos de vigilância e de bombeiros
voluntários e profissionais. A ANPC argumenta que prolongou o período crítico
até final de outubro, mas sem os meios totais. Semana passada, pouco dias antes
da tragédia, anunciaram que mantinham ativos apenas 72 dos 236 postos de
vigilância.
De acordo com especialistas, as
autoridades nacionais ignoraram o alto risco de incêndios. António Costa,
primeiro-ministro português, muito criticado por alguns setores da sociedade,
anunciou que vai reformular o modelo de proteção civil do país. “A nossa
responsabilidade é não fingirmos que não olhamos para a realidade”, afirmou
Costa, ao ressaltar que, depois deste ano, nada poderá ficar como antes.
Em relação ao relatório produzido
pela Comissão Técnica Independente, Costa disse que o trabalho científico que
foi elaborado tem que ser respeitado e que agora é preciso “concretizar em
medidas as conclusões que foram apresentadas”.
Sábado que vem (21), haverá uma
reunião extraordinária do Conselho de Ministros para discutir a reforma da
Proteção Civil.
Ao que parece, Portugal ainda tem
muito a aprender no que diz respeito ao combate aos incêndios. Um modelo a ser
seguido é o da Galícia, território espanhol que faz fronteira com o norte do
país. A região é pioneira em equipamentos e técnicas de combate e conseguiu
reduzir, nos últimos anos, a área queimada para menos de metade.
Segundo o Sistema do Centro de
Investigação Comum da Comissão Europeia – EFFIS, apenas em 2017, os incêndios
já destruíram mais de 316.100 hectares em Portugal. Quase 54 mil hectares foram
queimados só no domingo, o pior dia do ano em número de fogos.
NASA
A Agência Espacial
norte-americana Nasa divulgou um mapeamento das zonas com incêndios no mundo.
Na imagem, é possível ver como Portugal, Espanha e Brasil têm sido afetados
pelos fogos.
Ophelia
O furacão Ophelia, que contribui
para o alastramento do fogo em Portugal e na região espanhola da Galícia,
também vem afetando outros países. Hoje foram registradas 3 mortes na Irlanda
devido à tempestade.
De acordo com o Diário de
Notícias, periódico português, as autoridades alertaram para os riscos mortais
dos ventos violentos, que atingem os 150 km/h na zona Oeste do país. Escolas
foram fechadas e serviços públicos, como transportes, foram suspensos.
O serviço meteorológico irlandês
também emitiu um aviso de alerta vermelho, com previsão de ventos “violentos e
destrutivos” que poderão levar a inundações”.
Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução