Pais negam problemas no comportamento de garoto
Ministério Público (MP-GO), por meio do promotor de Justiça, Frederico Augusto Santos, pediu que menino passe por avaliações psicológicas
*Marcus Vinícius Beck
Os pais do adolescente de 14 anos que matou dois colegas e deixou outros quatro feridos – sendo uma das vítimas tetraplégicas -, no Colégio Goyazes, na região leste de Goiânia, prestaram depoimento na manhã da última sexta-feira (27) em audiência no Juizado da Infância de Juventude da Capital. Foram ouvidos o próprio menor e os pais dele, que voltaram a defender que o menino nunca apresentou problemas comportamentais, o que foi mais uma vez usado como estratégia pela defesa do jovem.
Segundo a defensora do adolescente, Rosângela Magalhães, o propósito da avaliação é constatar se o garoto possui alguma perturbação ou desvio de conduta que possa ter motivado o ataque. A defensora frisou que, mesmo com o pedido, os pais do adolescente afirmaram que ele nunca mostrou qualquer tipo de desvio de comportamento. Ela declarou que não há uma data precisa que informe quando o estudante será avaliado.
A sugestão de examiná-lo psicologicamente foi sugerida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por meio do promotor de Justiça Frederico Augusto Santos. Rosângela, por sua vez, possui até a próxima segunda-feira (30) para apresentar a defesa escrita para a juíza responsável pelo caso. Com isso, disse a advogada, as testemunhas devem ser ouvidas numa mesma audiência. Durante a audiência, Rosângela salientou que a família do menino está abalada e que o filho deles nunca teve qualquer comportamento fora do normal.
Durante o depoimento, o menino afirmou que está arrependido pelo crime que cometeu. Por isso, em sua fala, a defensora usou o apelo familiar como justificativa para que ele passasse por avaliação psicológica. De acordo com ela, o adolescente sempre foi um jovem que jamais causou quaisquer preocupações à família, que sempre teve relações harmônicas. O pai do menino já havia prestado depoimento à Polícia Civil na última segunda-feira (23). Na ocasião, ele disse que não tinha noção de que o filho era vítima de bullying.
Além disso, a família estava tentando evitar que o adolescente fosse condenado à punição máxima prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que são três anos de detenção, até que o suspeito complete 18 anos. A defesa, dias antes da audiência da última sexta-feira, pretendia alegar que o jovem nunca teve qualquer violação à lei. Na última segunda-feira, o pai do jovem disse ao jornal Folha de São Paulo que tudo não tinha passado de um mal entendido e de uma fatalidade.
Crime
Na manhã de sexta-feira (20), o adolescente esperou o intervalo para sacar a arma que trazia na mochila e matar duas pessoas e deixar outras quatro feridas. Eram todos seus desafetos. A arma, que era da Polícia Militar (PM) e estava sob responsabilidade da mãe dele, era uma .40. Após o crime, ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), seguindo para a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) e, posteriormente, foi para um centro de integração, onde deve permanecer por 45 dias.
O tenente-coronel, Marcelo Granja, afirmou que o crime aconteceu por volta das 11h50 min de sexta-feira (20). Na época, Granja confirmou que o jovem havia mesmo utilizado uma arma que era da PM. “As escolas não fiscalizam as mochilas das crianças que entram e saem dos colégios”, disse Granja.
*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian