Captação de água em Trindade é investigada pelo Ministério Público
Promotor determina ainda que ações no município sejam constatadas agressões ao
meio ambiente
Marcus Vinícius Beck*
A crise hídrica que assola a cidade de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, foi alvo na última sexta-feira (3) de uma investigação por parte do Ministério Público de Goiás (MP-GO). O município, que é abastecido pelo Córrego Arrozal e convive, há pelo menos um mês com grave escassez de água, possui captação ilegal do recurso por meio de fazendeiros. Os proprietários a utilizam sem adequada licença, o que estaria comprometendo o fornecimento do recurso à população.
Com o propósito de apurar a escassez, o promotor de Justiça Sávio Fraga e Greco determina ações para que sejam constatadas agressões ao meio ambiente que possam ser provocadas por fazendeiros. Outra vertente da investigação chegou a requisitar à Secretaria Municipal de Meio Ambiente a realização de uma diligência que tem como intuito verificar despejo irregular de dejetos no Córrego Arrozal.
O desabastecimento de água na cidade foi objeto de audiência pública promovida pela Câmera Municipal de Tridade no dia 23 de outubro. Na ocasião, foi discutido a situação de calamidade e degradação nas nascentes do córrego. A crise hídrica, que já foi tratada em várias frentes pelo MP-GO e Estado de Goiás, agora atinge o âmbito do consumidor para que o racionamento seja impedido em Trindade.
Principal fonte de abastecimento hídrica do município, o Córrego Arrozal é palco de degradação por parte de agricultores da região. Diante disso, o promotor Sávio afirmou que a equipe da Saneago deixou Trindade sem água por até dez dias, em determinados bairros. Para tentar sanar a situação hídrica, o MP vai realizar trabalho para desenvolver ações concretas das promotorias cujo propósito é assegurar interesses da população.
Inclusive, a falta de água é um problema que a população de Trindade enfrenta há mais de dois anos. De lá para cá, pouco ou quase nada foi feito para resolver o problema. E, enquanto nada é colocado em prática, a rotina dos moradores – a cidade possui mais de 100 mil habitantes – é drasticamente mudada. Cidade turista, por conta da basílica do Divino Pai Eterno, uma atividade comum como tomar banho fica complicado por conta da falta do recurso.
A população diz que fica usando a mesma água para lavar vários utensílios. A justificativa da Saneago é de que o consumo aumentou e, por isso, há escassez na distribuição do recurso.
Região metropolitana
Moradores da Região Metropolitana de Goiânia também enfrentam problemas na distribuição dos recursos hídricos. O enigma, que começou a aparecer no início de setembro, quando a região já estava acometida pela falta de água, persiste até o momento.
*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian. (Foto: Blog Sérgio Veira)