‘Ícones Negros Sob o Olhar de Selvo Afonso’ traz um alerta contra o preconceito
Telas, em Goiânia, homenageiam ícones da história e da cultura nacional e internacional
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GABRIELLA STARNECK*
A exposição Ícones Negros Sob o Olhar de Selvo Afonso: Cultura e História Afro e Afrobrasileira começa nesta terça-feira (14) e se estende até 21 de novembro na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. O evento conta com 37 telas do artista plástico goiano Selvo Afonso que, em 40 anos de carreira, tem se dedicado em valorizar, dignificar e difundir a beleza, a história e a cultura do povo negro e indígena. “Procuro através da minha arte lançar um grito de alerta contra esta idiotice que é a discriminação e o racismo”, afirma Selvo.
Segundo a coordenadora do projeto Ícones Negros, professora Marilena da Silva, o objetivo da exposição é ir na contramão das discussões político-econômicas do Brasil para homenagear pessoas que morreram por seus países – como Nelson Mandela. Além das obras, a exibição traz um breve resumo sobre a história e a trajetória dos ícones homenageados como Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Cartola, Daiane dos Santos, Zezé Motta, Martin Luther King, Toni Morrison e Malcolm X.
Exposição
Ícones Negros Sob o Olhar de Selvo Afonso: Cultura e História Afro e Afrobrasileira tem o intuito de combater o racismo e a discriminação por meio da difusão da história dos próprios ícones negros. “A importância nesse contexto em que se está discutindo muito a política e a crise no Brasil é ir na contramão desta discussão, homenageando aquelas pessoas que morreram pelo Brasil e pelos seus países”, afirma Marilena.
A professora afirma que foi questionada por fazer a abertura da exposição na Galeria do Senado Federal, em Brasília, já que o local é o berço da corrupção, mas explicou o motivo da escolha. “O Senado é a casa do povo, onde se propõe a justiça social, a igualdade, a qualidade de vida, então esses ícones vêm para relembrar, para prestigiar os brasileiros, mesmo que sejam ícones nacionais e internacionais”, afirma a coordenadora.
Marilena ainda destaca que a exposição tem o foco de trabalhar as relações raciais, mas para além das relações, o contexto nacional. “Nós a trazemos para os diversos espaços – Assembleia, Câmara e Senado –, para que a gente possa repensar a história desses ícones, mostrar a beleza da cultura negra, a luta contra a discriminação racial, a luta por justiça social e por igualdade do ser humano”, afirma a coordenadora.
A exposição é uma realização da Associação Pérola Negra, e conta com a parceria da Fundação Cultural Palmares e apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia. Para a escolha dos homenageados foram consultados cem pesquisadores que têm envolvimento com estudos das questões relativas à África e Cultura Negra. Segundo Marilena, o critério utilizado para seleção foram pessoas que contribuíram na história com a parte histórica, econômica e literária nos vários campos da história do Brasil e do mundo.
Selvo Afonso
O artista plástico, formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em Artes Visuais, há 40 anos faz telas que dão enfoque a história e cultura do povo negro – são mais de 30 exposições individuais e 70 coletivas. Em 2006, o artista percorreu o Brasil com a exposição Raízes, que abriu a Conferência Intelectuais Africanos e da Diáspora. Já em 2015, as telas da exposição Anjos do Brasil retratavam sorridentes crianças negras e indígenas – trabalho que teve grande repercussão. Neste ano, o artista traz a exibição Ícones Negros, retratando os seus maiores expoentes da trajetória de luta desse povo.
“Trabalho com este tema há mais de 40 anos, desde a época da faculdade de Artes. Sempre me encantou a raça, a luta do povo negro em um País onde somos misturas de tantas raças, e ainda existe o preconceito e a discriminação das pessoas pela cor da sua pele. Nesta exposição, tento resgatar toda a luta que tiveram contra a escravidão e contra o racismo. São personagens fortes que morreram por suas ideias”, afirma Selvo. Em suas telas, o artista plástico tem o cuidado de representar o negro de forma altiva. “Talvez com cores e formas possamos mostrar que somos iguais, feitos do mesmo pó, pelas mãos do mesmo Criador, e que um dia estaremos juntos”, explica Selvo.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora
Flávia Popov
SERVIÇO
Exposição ‘Ícones Negros Sob o Olhar de Selvo Afonso: Cultura e História Afro e Afrobrasileira’
Quando: de 14 a 21/11
Onde: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Setor Oeste)
Entrada gratuita