Cães imprescindíveis para a polícia
Treinamento constante, com 25 cães, garante combate ao tráfico de drogas e outros crimes
Wilton Morais*
A Polícia Militar de Goiás (PM), por meio do batalhão de choque canino, tem desenvolvido treinamentos constantes com cães, na finalidade de garantir o combate ao tráfico de drogas e entorpecentes. Os 25 cães também realizam operações anti bomba e policiamento, como contenção de presos e revistas. Em demonstração a reportagem do O Hoje, a cadela Isis, da raça Labrador, de apenas um ano e 10 meses, identifica rapidamente recipientes com drogas.
O tenente Higor Alexandre Guimarães, comandante do policiamento com cães da PM, explica que há um processo de renovação dos animais. “Os dois principais que tínhamos – um labrador e um pastor aminoa – estão com a idade de se aposentar. E vão para a adoção, que geralmente é o seu próprio treinador ou até mesmo alguém de fora quem fica com o animal”, explicou.
Farejadores
De acordo com o tenente, é mito dizer que os animais são viciados em drogas. “Esse é o principal mito, por parte de quem não conhece os animais. O cachorro que procura cocaína não é ‘viciado em pó’. O animal associa achar a droga, com a recompensa de seu brinquedo”, explicou. O militar também esclarece que o treinamento é completamente eficiente durante as ações de procura a droga ou explosivos. “Um cão mais um policial equivalem a oito policiais homens”, considerou.
Entre as vantagens de se investir no treinamento dos animais, o militar ponderou que o efetivo de policiais pode ser reduzido durante uma operação. “Também ganhamos muito com tempo. Se um policial gasta em média 40 minutos para procurar uma droga dentro de uma sala. O cão gastaria apenas dois minutos, e com vantagens, pois se tiver drogas ele irá achar”, conta.
Eficiência
O treinamento dos animais começa cedo. Desde filhotinhos, os cães adotados pelo batalhão já participam do treinamento. Há nove anos trabalhando com os cachorros, o cabo Edvaldo, responsável pelo adestramento dos animais conta que é realizada uma seleção, para identificar as aptidões do animal para o trabalho. “Mesmo assim, começamos o treinamento e identificamos depois de um tempo que ele pode não ser o que esperávamos”, disse.
O treinador assegura que não é preciso uma raça especifica para que o animal realize o trabalho. “O cão basta estar disposto ao treinamento e a função. Pode ser até mesmo um vira-lata, se bem treinado, exercerá essa função”, relata.
O tenente Alexandre complementa, “temos como parâmetro, mas não é uma regra absoluta, geralmente ficamos com o cachorro até os oito anos de idade, e seis de trabalho. Então trabalhamos com o pastor alemão, pastor aminoa, labrador, double e rottweiler. Mas trabalhamos com outros, como o pastor holandês que é muito próximo do pastor aminoa”.
Destaca-se, entre os animais o pastor alemão. “Hoje temos poucos. Mas, inicialmente os cães da polícia eram de guarda e proteção, para policiamento. Com o tempo os utilizamos com o chefe da polícia, na identificação de odores”, expõe o tenente.
Animais poderão realizar perseguição
Entre os planos da corporação, a proposta é utilizar os animais para perseguição em situação de fuga como matas. “Temos muito que desenvolver ainda com o policiamento com cães. O nosso projeto é desenvolver animais de busca e captura de foragidos. Em situações de mata e fogo. Mas ainda não temos avanço. É um projeto futuro”, considerou tenente Higor Alexandre Guimarães, comandante do policiamento com cães da PM.
O militar também esclarece que em Formosa, por exemplo, a polícia já possui animais que estão trabalhando na identificação de celulares em presídios. “Na contenção de presos, o treinador desmantela um ou dois celulares e, durante a associação de odor, o cão associando o premio [brinquedo] com o aparelho, consegue achar o que queremos”, explicou.
Os animais também são utilizados em fronteiras estaduais. O cabo Edvaldo, responsável pelo adestramento dos animais relata que entre três irmãos de pastor belga, o Airon, em uma das operações, encontrou dentro de um ônibus uma mala com drogas.
“Ele me arrastou para dentro do ônibus, em uma fronteira com o Mato Grosso. Correu, entrou no ônibus e sentou em cima da mala. Eu apenas informei ao comandante que ali havia entorpecentes, e realmente estava cheia”, contou.
*Wilton Morais é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades, Rhudy Crysthian.