Insegurança na zona rural de Goiás aumenta durante a safra
De janeiro a outubro deste ano, foram registrados 5.270 roubos e furtos na zona rural do Estado
Faz muito tempo que a insegurança
pública tirou o sossego do campo e não dá trégua o ano inteiro. Mas os relatos
de roubos e furtos a propriedades rurais se intensificam nessa época de safra
agrícola. É que os ladrões aproveitam a maior circulação de insumos para as
lavouras e o armazenamento desses produtos nas próprias fazendas. Em muitos
casos, os prejuízos financeiros dos produtores rurais chegam à casa dos milhões
de reais.
Normalmente, as quadrilhas são
especializadas, agem à noite ou de madrugada, muitas vezes com violência. Bem
preparadas, utilizam tratores e até caminhões com guindastes para movimentar
cargas pesadas. E cada produto roubado tem destino certo. “Na maioria das
vezes, são produtos consumidos rapidamente ou repassados. Máquinas agrícolas
são levadas para outras regiões, automóveis são desmontados”, explica o
presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO),
Bartolomeu Braz Pereira.
“Esse crime organizado está
muito à frente da nossa segurança pública. É uma situação difícil que a gente
vive, não só no campo, mas na cidade também, por isso o poder público tem que
fazer o seu papel, que é dar segurança à população”, critica.
De janeiro a novembro deste ano,
a Secretaria de Segurança Pública de Goiás registrou 5.270 ocorrências de
roubos e furtos na zona rural, incluindo defensivos, máquinas agrícolas e
animais. No mês de outubro, o produtor Volneimar Lacerda entrou duas vezes para
a estatística do governo.
Na mesma semana foram furtadas
duas propriedades onde ele planta grãos no município de Buriti Alegre, região
Sul do Estado. Agindo de madrugada, os criminosos levaram 41 toneladas de adubo
de cada fazenda, um prejuízo total de R$ 150 mil.
No momento de procurar
assistência da polícia, Volneimar vivenciou uma situação bastante comum em
Goiás, principalmente nas cidades menores. Ele levou quase uma semana para
registrar o primeiro boletim de ocorrência.
“As informações que nós
tivemos por parte do delegado regional é que o efetivo é muito pouco pra
atender tantos municípios. Como estamos em um município considerado pequeno
[Buriti Alegre], nós não temos efetivo da polícia. Então, o pessoal atende por
Itumbiara, que é onde tem uma regional”, conta o produtor. “Precisa
ter mais concursos pra ter mais agentes trabalhando. Se não houver investimento
por parte do governo, não tem como melhorar nada não.”
Na opinião de Volneimar, existem
até experiências positivas, mas que precisam ser implementadas em todo o
Estado. Ele cita um caso de Rio Verde, onde um trator foi recuperado menos de
seis horas após o roubo, graças ao trabalho da patrulha rural integrada à
comunidade.
Projeto de lei
Enquanto o orçamento da Segurança
Pública for insuficiente para realmente oferecer segurança à população urbana e
rural, a Aprosoja-GO aprova o projeto de lei que permite ao produtor rural ter
a posse de arma de fogo em sua propriedade. “Nós apoiamos essa iniciativa
porque vivemos essa situação [de criminalidade] atualmente, não conseguimos ter
uma segurança adequada. Então é necessário que a propriedade rural tenha armas
para o produtor se proteger de bandidos.”
A proposta do senador goiano
Wilder Morais autoriza a compra de armas de fogo por produtores com mais de 21
anos de idade. Para isso, seria preciso atender alguns requisitos como residir
na propriedade rural e apresentar atestado de bons antecedentes criminais.
No final de novembro, esse
projeto de lei foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Se não for apresentado recurso para votação pelo plenário, o texto segue direto
para a Câmara dos Deputados.
Fonte: Aprosoja-GO. Foto: Reprodução