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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Crise penitenciária

Transferências de presos perigosos devem terminar em fevereiro

Medida faz parte de ação da nova Diretoria de Administração Carcerária. Familiares de detentos reclamam da condição dos presídios

Postado em 17 de janeiro de 2018 por Sheyla Sousa
Transferências de presos perigosos devem terminar em fevereiro
Medida faz parte de ação da nova Diretoria de Administração Carcerária. Familiares de detentos reclamam da condição dos presídios

Marcus Vinícius Beck*

Em meio à crise no sistema penitenciário, a diretoria geral de Administração Penitenciária disse ontem que presos de alta periculosidade estão sendo transferidos para outras unidades carcerárias de Goiás. Por questões de segurança, o quantitativo de detentos não foi informado à reportagem pela pasta, mas cogita-se que a ação dure até o mês de fevereiro. A medida faz parte das orientações da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, para diminuir a população carcerária do Estado.

O diretor-geral de Administração Penitenciária, coronel Edson Costa, afirmou que a intenção é transferir presos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia para presídios federais o mais rápido possível. “Isso vai dar uma maior tranquilidade e, com certeza, vai facilitar o trabalho no sistema penitenciário”, diz. De acordo com ele, o multirão carcerário, que foi sugerido pela por Cármen Lúcia, deve atenuar a condição dos detentos, pois “o governo de Goiás está construindo novos presídios”.

A transferência dos presos ocorreu em meio à um colapso no sistema prisional do Estado. Em relatório, que O Hoje teve acesso na última semana, o Tribunal de Justiça (TJ-GO) informou que a maioria dos presídios de Goiás estão em situação aquém do considerado ideal por entidades ligadas aos direitos humanos. “A situação que vimos no complexo prisional não condiz com a dignidade humana”, setenciou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Roberto Serra, após visita ao Complexo Prisional. 

Em pouco mais de uma semana, a segurança pública assistiu sua crise se agravar. Na primeira semana do ano, foram registradas três rebeliões entre presos do regime semi-aberto e fechado, registrando nove mortes, 14 feridos e mais de 100 fugas. Adolescentes também se organizaram um motim. No último dia 10, servidores do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) foram rendidos pelos menos infratores. O local estava superlotado. 

Estrutura

Sujeira, superlotação e truculência. Essas foram as queixas de familiares de detentos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia à reportagem na tarde de ontem. De acordo com uma jovem de 23 anos, que teve sua identidade preservada, revelou que a condição dos apenados é “extremamente precária”. De acordo com ela, que é irmã de um preso do regime semi-aberto, os presos têm de conviver com brutalidade por parte de policiais. “Esse pode ter sido um dos motivos que gerou a rebelião”, afirma.

Falta de papel higiênico também é comum no cotidiano dos presidiários. Caso os detentos não tenham nenhum utensílio de higiene pessoal, segundo a jovem, eles “ficarão sujos durante o tempo em que permanecerem presos”. “Os presos são submetidos a condições subumanas, falta alimentação, assistência de saúde e outros serviços básicos para a dignidade do apenado”, relata. Seu irmão está preso há dois anos. 

Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian. (Foto: Reprodução)

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