Ensino a distância cresce, mas desconfiança ainda é grande
Dos entrevistados, 27% disseram que escolheriam preferencialmente um curso EaD e 17% disseram que preferem ambos, EaD e presencial
Apesar de crescer em ritmo mais acelerado que o ensino
presencial, a educação a distância (EaD) não é a primeira opção para a maioria
das pessoas que buscam uma graduação. A desconfiança é grande. Pesquisa
divulgada hoje (22) pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior
(ABMES) – que representa grande parte do ensino superior particular do país –
mostra que 62% dos entrevistados acreditam que a qualidade dessa modalidade não
é bem avaliada no mercado de trabalho e 56% dizem que preferem o ensino
presencial.
A pesquisa mostra ainda desconforto em ter a maior parte das
aulas pela internet: 62% dos estudantes e potenciais alunos dizem que acreditam
que as instituições de ensino EaD não oferecem suporte para tirar dúvida na
hora e 37% dizem que têm dificuldade com sistema de aula online.
A pesquisa inédita Um ano do Decreto EAD – O impacto da
educação a distância foi feita pela ABMES em conjunto com a empresa de
pesquisas educacionais Educa Insights. Ao todo, foram entrevistados 1.012
homens e mulheres de 18 a 50 anos, sendo 256 alunos e 756 potenciais candidatos
a educação superior em março deste ano.
Dos entrevistados, 27% disseram que escolheriam
preferencialmente um curso EaD e 17% disseram que preferem ambos, EaD e
presencial.
“Estamos falando de um público diferente da graduação presencial
tradicional. Estamos trazendo para ensino superior um público mais velho, mais
maduro, que já trabalha com maior intensidade. Esse público precisa da
flexibilidade da EaD para completar o curso superior”, diz o vice-presidente da
ABMES, Celso Niskier.
O estudo mostra que aqueles que escolhem a educação
presencial exclusivamente são mais jovens – 53% têm até 30 anos -; 76%
trabalham; 33% são da classe social A ou B; 64% estudaram em escolas públicas e
36% em particulares.
Entre aqueles que preferem a EaD, 67% têm mais de 30 anos;
83% trabalham; 25% são das classes sociais A ou B; 75% estudaram em escolas
públicas e 25% em particulares.
Em relação a qualidade da EaD, Niskier diz: “Os jovens acham
que mercado de trabalho ainda não percebe muito bem a qualidade da educação a
distância. Isso tende a desaparecer com o tempo na medida que comecemos a
formar mais e o desempenho desses profissionais seja equivalente”.
Segundo Niskier, a educação vem se transformando como um
todo e não é possível fugir das ferramentas digitais nem mesmo no ensino
presencial. “Hoje o jovem quer usar smartphone, computador, não quer chegar em
sala para receber o conhecimento, quer chegar com esse conhecimento disponível
e tornar as aulas mais práticas e mais dinâmicas é o que tem acontecido”.
Cursos a distância
De acordo com o Censo da Educação Superior, em 2016, 33% dos
novos alunos ingressaram no ensino superior na modalidade a distância e, 67%,
em cursos presenciais. Esse número cresceu. Em 2010, 20% ingressaram no EaD e 80%
no presencial.
De acordo com a projeção do estudo, se mantido o crescimento
da EaD atual, em 2023, mais estudantes ingressarão na modalidade a distância
que no presencial. Serão, pelas projeções do estudo, 51% em EaD e 49% no ensino
presencial.
Há um ano, o governo publicou um decreto que define os
critérios para a oferta de educação a distância. Entre as mudanças está a
possibilidade da instituição privada de ensino superior ser credenciada
exclusivamente para oferta de cursos de graduação e de pós-graduação lato sensu
(especializações e MBAs) na modalidade a distância. Até então, a instituição
deveria também ter algum curso na modalidade presencial.
Com informações da Agência Brasil.