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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
FESTIVAL

Novo longa de Luiz Bolognesi abre a 20ª edição do Fica

Pelo 3º ano consecutivo, festival lança luz sobre questões do universo socioambiental brasileiro na abertura da mostra

Sheyla Sousapor Sheyla Sousa em 24 de maio de 2018
Novo longa de Luiz Bolognesi abre a 20ª edição do Fica
Pelo 3º ano consecutivo

O debate acerca da sobrevivência das culturas indígenas, comprometidas desde a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, ganha novo fôlego com o curta-metragem Ex-Pajé, de direção e roteiro do paulistano Luiz Bolognesi. O filme oscila entre os gêneros ficcional e documental para narrar a história dos Paiter Suruí, tribo que viveu isolada até 1969 na região fronteiriça entre Mato Grosso e Rondônia – epicentro dos conflitos fundiários entre indígenas e extrativistas no Brasil. O longa-metragem vai ser exibido em 5 de junho (terça-feira) para o público na abertura da 20ª edição do Fica.

O contato tardio com o homem branco não privou o povo Paiter Suruí da colonização de suas tradições pelo cristianismo, à semelhança do processo de aculturação liderado pelos jesuítas quase cinco séculos atrás. Demonizado por um pastor evangélico e enxotado da posição de uãuã (Pajé na língua Paiter Suruí), Perpera Suruí lamenta a influência dos medicamentos introduzidos na tribo a partir do contato com o homem branco. O protagonista do filme também revela que precisa dormir com a luz acesa para evitar a reprimenda dos espíritos da floresta.

A equipe restrita de cinco pessoas e a ausência de um roteiro pronto estabeleceram as diretrizes para a produção da obra. Ex-Pajé é construído em consonância com os personagens reais do filme. A escolha partiu da necessidade de contar a história “de dentro pra fora”, conta o diretor. A obra combina realidade e encenação para transmitir os conflitos que abalam as estruturas da tribo, como as consultas secretas ao pajé mesmo diante do medo de estar contatando o diabo. A resistência da cultura e da tradição de um povo enfrenta o impasse da globalização. Além de concorrer com a violência dos seringueiros e latifundiários, os indígenas suportam ainda um outro tipo de violação, que se não afeta sua terra nem integridade física, compromete seu modo de viver e pensar.

A obra dá segmento a uma nova fase do Fica, que passou a privilegiar obras relacionadas ao universo socioambiental para marcar a abertura da mostra desde 2016, quando exibiu o documentário Rio de Lama, do diretor Tadeu Jungle, que trata da tragédia do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais. Em 2017, o destaque da abertura foi o filme Caminho do Mar, dos diretores Bebeto Abrantes e Juliana Albuquerque. A produção que fala sobre o Paraíba do Sul, um rio desconhecido e estratégico para o Brasil, fez sua estreia mundial na cidade de Goiás. Em 2018, o Fica chega à sua 20ª edição como maior festival de cinema da América Latina com a temática ambiental. Neste ano, são 22 produções de 3 continentes pautando a relação do ser humano com o meio ambiente.

Questão Indígena

Ex-Pajé não é a primeira experiência de Bolognesi com o universo indígena, nem com a tribo retratada no filme. O cineasta conheceu Perpera durante a produção da série Juventude Conectada (2016), que mostra como os jovens indígenas Paiter Suruí utilizam dispositivos móveis para denunciar a presença de madeireiros em suas terras. Outros títulos, como Terra Vermelha (2007), também abordam a questão indígena.

Equipe

Luiz Bolognesi traz no currículo o roteiro de obras como Bingo: O Rei das Manhãs (2017) – representante brasileiro na 90ª edição do Oscar – e Bicho de Sete Cabeças (2001). Assina a direção de filmes premiados como Cine Mambembe, O Cinema Descobre o Brasil (1999) e Uma História de Amor e Fúria (2013), animação que utiliza a mitologia tupinambá para contar a história do Brasil. O longa tem produção da Buriti Filmes, laureada com mais de 120 prêmios nacionais e internacionais, e distribuição da Gullane Entretenimento, produtora por trás da realização de obras como Carandiru e Que Horas ela Volta?. A fotografia é assinada por Pedro J. Márquez, a montagem é de Ricardo Farias e o som, de Rodrigo Macedo.

(Mais informações: http://www.fica.go.gov.br/) 

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