Pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Goiás (UFG), pelo Programa de Pós-Graduação em Química da Regional Catalão sob responsabilidade da professora Silvia de Sousa Freitas, descobriu na casca do coco verde, a habilidade de absorver da água o agrotóxico parationa metílica. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário.

A pesquisadora responsável pela pesquisa, Josiane Moreira Cardoso, relatou que “A maioria dos agrotóxicos são altamente tóxicos, mesmo em baixas concentrações. Em relação à parationa metílica não é diferente e por ser um produto solúvel em água, só pode ser identificado através de técnicas específicas. Existem legislações que regulamentam o uso e o descarte dos agrotóxicos, porém, essas normas são amplamente desrespeitadas. 

Os agrotóxicos causam inúmeros danos ambientais, mas também podem prejudicar a saúde humana. O contágio pode ocorrer através da pele, da ingestão ou até mesmo pelo ar e isso pode causar dor de cabeça, diarreia, câncer, espasmos musculares, náuseas, depressão respiratória, febre, letargia e até a morte. Isso porque os compostos são altamente tóxicos, mesmo que em baixas concentrações. 

Os agroquímicos têm sido utilizados de forma intensiva na agricultura. Apesar de contribuir para o controle de pragas e desenvolvimento das plantas, eles apresentam uma série de prejuízos ao meio ambiente, entre eles está a contaminação da água. A pesquisadora Josiane, considera que “A qualidade da água representa uma questão tão relevante quanto a sua quantidade” e por isso é de extrema importância pensar em uma forma de solucionar esse problema. 

Reutilização da casca de coco  

Os brasileiros consomem a água de cerca de 2 bilhões de frutos do coco ao ano e isso gera toneladas de resíduos. Apesar de ser biodegradável, a casca demora cerca de 10 anos para se decompor no meio ambiente. Ela pode ser reutilizada na indústria, na agricultura e também artesanalmente, no entanto, essa prática não é muito comum. A casca de coco mostrou resultados muito satisfatórios na absorção do agrotóxico, cerca de 85,73% das substâncias tóxicas foram removidas da água. 

Segundo Josiane, a pesquisa é inédita “pois na literatura foram encontrados apenas estudos de adsorção utilizando a fibra de coco para remoção de metais e corantes.” Além disso, a utilização da casca de coco é benéfica pelo baixo custo e facilidade de obtenção, já que o Brasil é um grande produtor do fruto. E também dá um destino para as toneladas de casca de coco, que são descartados em lixões e aterros sanitários sem nenhum cuidado ambiental.