Merkel expressa respeito pela retirada de Özil da seleção
A saÃda do médio suscitou, em paralelo, uma chuva de crÃtica à direção federativa
A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou hoje o seu “respeito” pela decisão do germânico-turco Mesut Özil de se retirar da seleção nacional, assim como a alta estima que merece como jogador, não mencionando as suas acusações de racismo à Federação Alemã de Futebol (DFB).
“A chanceler federal respeita a decisão de Mesut Özil, a quem tem em alta consideração como jogador”, disse a vice-porta-voz do Governo, Ulrike Demmer, numa conferência de imprensa de rotina e no meio da polémica causada pelo anúncio do médio.
A fonte governamental lembrou além disso o papel do desporto como fator integrador na sociedade alemã e ressaltou que a Alemanha é um “paÃs aberto”, que acolhe a população de origem imigrante.
“É um grande jogador”, enfatizou a porta-voz em nome de Merkel, grande adepta de futebol e que frequentemente tirou fotografias com Özil, muitas delas nas suas pontuais visitas ao balneário da seleção.
A retirada de Özil entre fortes acusações à direção da DFB suscitou uma tempestade polÃtica e futebolÃstica no paÃs.
“É um sinal alarmante que um grande jogador como Özil não se sinta querido no seu paÃs nem representado pela DFB”, escreveu a ministra da Justiça, Katarina Barley, na sua conta no Twitter.
Özil comunicou ontem a sua retirada da seleção com uma declaração enviada em três partes através do Twitter, onde afirmava que para o presidente da DFB, Reinhard Grindel, um jogador de origem imigrante como ele apenas é aceite quando ganha, mas não quando perde.
O médio, de 29 anos e durante anos peça chave na seleção, acusava a federação de não o aceitar como alemão, apesar de ter ganho em 2014 o Mundial para o paÃs onde nasceu.
“Tenho dois corações, um alemão e outro turco. Nasci e fui educado na Alemanha. Porque é que há pessoas que continuam a não aceitar que sou alemão”, perguntava o médio, que na Alemanha jogou no Schalke e Werder Bremen, passando depois para o Real Madrid e o Arsenal, o seu atual clube.
Deste modo, Özil pronunciou-se pela primeira vez à controvérsia causada há um mês e meio por uma fotografia em que aparecia junto ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, algo que foi entendido na Alemanha como um apoio à campanha deste pela reeleição.
O jogador explicou agora que decidiu tirar essa foto porque não a ter feito teria sido interpretado como “uma falta de respeito” para com as suas “raÃzes turcas”, acrescentando que “voltaria” a fazê-lo.
“Para mim, tirar uma foto com o presidente Erdogan não tem nada a ver com a polÃtica ou com as eleições, mas com o respeito para o cargo máximo do paÃs da minha famÃlia”, explica.
A controvérsia em torno da foto acompanhou Özil durante todo o Mundial da Rússia e persistiu após a eliminação prematura da seleção alemã, que defendia o tÃtulo, na fase de grupos.
A saÃda do médio suscitou, em paralelo, uma chuva de crÃtica à direção federativa, já fortemente questionada pelo mal papel da Alemanha na Rússia.
Há uns dias atrás, o presidente da direção do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge, criticou Grindel, qualificando-o de incompetente.
Hoje, o ex-porta-voz da DFB, Harald Stenger, numa entrevista à televisão pública ZDF, disse que Grindel é “o pior presidente federativo da história” e considerou que era o momento de o substituir, independentemente do caso Özil.
Com informações da Agência EFE