Artistas goianos se unem para ação colaborativa
Projeto cultural ‘Coletivo de Atrações’ tem início nesta quinta-feira (16)
SABRINA MOURA*
Começa nesta quinta-feira (16) e vai até setembro o projeto cultural que propõe um novo tipo de experimentação. O Coletivo Cultural está instalado na Vila Cultural Cora Coralina, e leva ao público, por meio de espaços cenográficos, performances cênicas, palestras sobre a conceituação do projeto e oficinas para todos os públicos.
A criação e direção são de Hélio Fróes e Rô Cerqueira. Segundo Hélio, o coletivo é uma ideia antiga que surgiu, em 2012, a partir de um grupo de artistas, cada um de uma área diferente artes visuais, cinema, teatro e design. “Gostávamos muito do Gabinete do Doutor Caligari, que é um filme expressionista da década de 1910. O filme foi o motivador inicial. Através da sua estética, pensamos nas questões de violência urbana. Em resumo, construímos esse trabalho em um espaço interativo, que trabalha com artistas de diferentes áreas”, diz ele.
O Coletivo de Atrações é uma possibilidade de encontro entre artistas de diferentes saberes e fazeres com o intuito de aprofundar suas pesquisas e de causar uma intersecção criativa, que se propõe a refletir sobre outras formas de fazer arte, que escapa a toda intenção utilitária. “Nesse primeiro trabalho, falamos sobre violência urbana. A ideia é pensar nessas violências da cidade. Embora seja um tema ‘duro’ se falar, estamos trazendo de uma maneira leve dando um caráter mais poético”, explica Hélio.
A experiência pessoal de uma doença agressiva mudou os rumos da obra de arte. Um câncer no esôfago, um adenocarcinoma, transformou a vida e a obra de um dos idealizadores do Coletivo de Atrações. “Em paralelo à questão da violência, no meio do processo, acabei descobrindo um câncer. Trouxemos essa minha experiência para dentro da obra. Na cirurgia, acabei tendo de tirar meu esôfago, e colocamos ele em cena. Por meio de uma instalação interna, utilizamos a violência física que eu sofri como metáfora da violência urbana”, explica Hélio. “Durante este mês, acontecem uma série de atividades e oficinas. São várias atrações pensadasno público; a gente nunca se esquece dele e de como o vão estar inseridos dentro da obra. De forma muito leve e poética, pensando na interação e na imersão, o público vai se divertir”, finaliza ele.
A equipe é formada por criadores independentes que intercambiam seus trabalhos há vários anos. São profissionais que sempre buscaram agregar parceiros e construir articulações ideológicas entre arte e sociedade. Dentre eles, estão: Hélio Fróes (dramaturgo, roteirista e diretor de teatro e cinema, mestre em Poéticas da Cena e do Texto Teatral pela Unirio); Rô Cerqueira (artista visual, cineasta e pesquisadora, mestre em História da Artes pela UERJ e mestre em Cenografia pela Unirio); Fernanda Pimenta (atriz, palhaça, diretora, dramaturga e produtora, que desenvolveu pesquisa de mestrado em Artes da Cena, na Unicamp, e que atualmente atua nos grupos Farândola Teatro, Grupo Bastet, Cia. de Arte Poesia que Gira e Cia. de Teatro Nu Escuro); Júnior Oliveira (bacharel em Direção de Arte pela UFG, especialista em Docência do Ensino Superior pela Fabec e iluminador cênico); Luana Otto (fundadora e diretora geral da Balaio Produções, produtora cultural atuante em diversas linguagens artísticas).
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da
editora Flávia Popov
SERVIÇO
‘Projeto Coletivo de Atrações’
Quando: de 16 de agosto a 16 de setembro
Onde: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 3, s/nº, Setor Central – Goiânia)
Entrada gratuita